terça-feira, 23 de dezembro de 2008

2008.

"joh, a minha intuição diz que 2008 vai ser o seu ano, não me pergunte o porquê" foi uma das primeiras predições para o meu ano, que não podia ter começado melhor. apesar de ter sede de porquês, não perguntei ao carlos a razão, porque talvez fosse só para me alegrar. sabe? atribuir um quê de otimismo no meu começo de ano (convenhamos, não queria começá-lo já descartando ilusões, essas borboletinhas que invadem o estômago da gente de vez em quando). a verdade é que eu deveria subestimar menos a intuição, seja ela proveniente de amigos ou de mim. essa foi uma das valiosas lições que tirei de dois mil e oito.

estou há uns dias pensando em como escreveria algo que fizesse jus às experiências, porque me parece que ainda não aceitei o fato de que palavras nunca se elevarão ao nível da vida. elas sempre serão essa intermediária que flutua entre o sentir, o ser e o papel. o papel, portanto, sempre terá as experiências como impalpáveis. às fibras do papel os momentos serão sempre
semi-momentos, tudo pela metade, tudo fragmentado. papel virtual, então, nem se fala! enfim, o que eu quero mesmo dizer é que não há palavras, por mais cliché que seja. aliás, as reações em mim causadas pelas tais experiências foram todas clichés. não consegui fugir de mim em nenhuma delas. esse foi um ano de pernas muito bambas, de pêlos da nuca constantemente
arrepiados - e, ainda assim, soando como novidade a cada arrepio. foi ano de frio na barriga, de noites mal dormidas, de fome excessiva, de falta de fome. houve também dor, muitos fracassos com os quais eu jamais havia precisado lidar. eu precisei aprender a não fazer desses fracassos o meu ano inteiro. não podia deixá-los dominar as tantas outras sensações.

começando por um janeiro, sem rio, mas com mar, onde eu me joguei de vestido longo ao descobrir a primeira vitória. essa não foi de 2008, mas de uma vida inteira (oh, que brega! haha). eu, que acreditava ser impossível, consegui. um primeiro lugar, um total em uma prova discursiva em uma universidade federal (o engraçado é como até hoje eu me sinto extremamente pedante ao falar disso). foi lá, nas águas capixabas, cercada de amigos queridos de verdade, que eu vivi a primeira cena cinematográfica do ano. mas, nos filmes, os vestidos não parecem pesar 964 quilos depois que a mocinha sai da água. ela consegue correr, com um sorriso gracioso estampado na cara, os cabelos molhados e esvoaçantes (?), tudo num close muito sensual, com trilha sonora e em câmera lenta. me dei conta de que essa é só pra disfarçar a lei da gravidade, que atrai a mocinha pro fundo do mar e ela quase se afoga, de tanto rir e explodir de felicidade embaixo d'água. a realidade é mesmo uma coisa que não dá para ser enfeitada, porque é demais para ser acreditada, parafraseando aquela moça datilógrafa, virgem e que gosta de coca-cola. e a minha realidade em janeiro foi tecida com cuidado: amigos vinte e quatro horas, o vislumbre do ar de liberdade que perfumaria os outros meses inteiros, pôquer com isca de peixe frito à beira do mar, shows inusitados, muito créu e a perspectiva de um ano, de fato, que fosse meu. era pra ser, apesar de a virada do ano, com a família brigada e um coração estraçalhado, ter me tirado todo o ânimo.

o ânimo, que nasceu em guarapari, foi logo fortalecido no começo de fevereiro, no carnahell. não muito adepta do carnaval tradicional - já que as tradições são agora o funk, o axé e a ralação -, me entreguei ao inferninho urbano, fantasiada de chiquinha, para a felicidade das criancinhas de/na rua. as férias prolongadas me deram a oportunidade de tirar o atraso do cinema, do pôquer, do palácio das artes e dos namoros. é, arrumei um namorado, apesar de eu não ser "material de namoro". foi um mês (sim, UM mês e seis dias) bem bacana, com muitas praças, pic-nics, sorvetes exóticos, escaladas (!), promessas de passeio de caminhão, filmes, pipocas, "françamente" e rita lee. não fosse eu um relâmpago e uns DVDs da ivete sangalo que eu não conseguia engolir, teria sido mais interessante. enquanto isso, fevereiro correu bem. início de aulas, calourada com pimentinha, vinho ruim, banana e camisinha, novos amigos, gabriel. eu nunca pensei que seria possível um amigo à primeira vista. o gabriel sempre conseguia encher bem as minhas noites letreiras com uma música para cada palavra dita. não sabia, mesmo, como alguém poderia saber tanto. aposto que ele tem uma gavetinha especial no cérebro só pra isso. na verdade, ele tem um compartimento para cada coisa, porque eu nunca vi saber tanto sobre tudo como ele.

e foi março o mês mais cheio de gabriel, com o término dos nossos respectivos namoros. uma amizade para a vida toda, não me restam mais dúvidas. e toda essa certeza veio com uma noite só. dá pra crer? era tudo muito novo. e ele esteve lá. estiveram lá também as festas da UFMG, os botecos, a praça da liberdade. essa me trouxe de volta o guilherme, que estava perdido nos meus anos de iron maiden e roupas pretas. foi interessante redescobrir alguém que cresceu na mesma direção que eu, mesmo estando longe. março foi o mês da fernanda takai, do bonitinho e do interpol. março não teve muitas águas, até porque o meu verão nunca precisou de desfecho.

o melhor show do ano, porém, foi aquele que abriu o meu abril. 0s brasilienses dos móveis colonais de acaju fizeram a minha alegria quando decidiram vir a BH depois de dois anos os tendo conhecido na capital brasileira. hiperatividade no palco, na platéia e no coração. eles reviveram em mim a euforia de ver música boa feita ao vivo, depois de tantos shows ruins em janeiro e de tantos outros tão serenos em março. e, junto a isso, trouxeram um tt para a minha vida. foi bom ter mais perto, poder dançar com aquele que só me conheceu por causa da música e, de certa forma, do bonequinho da sandy que faltava na coleção do bob esponja. alguns dias e algumas pizzas na casa do pedro depois, a notícia: os móveis voltariam. com quinze dias de intervalo! disseram eles, em retrospectiva, que foi esse um dos melhores shows do ano. não há maneira de discordar. mas nem só de móveis foi feito o meu abril. era o começo de muitos seminários na faculdade, o que colocou a prova a minha capacidade interlocutiva em público - um público muito mais velho que eu, em sua maioria, e com uma bagagem intelectual incomparavelmente mais completa que a minha. não foi fácil discorrer (apesar de ter sido o henrique o bode expiatório que apresentou o trabalho todo) sobre ítalo calvino, suas propostas para o próximo milênio-e-coisa-e-tal sob o crivo de escritores e leitores tão melhores que eu. estreando a minha vida acadêmica e me abrindo os horizontes para a lingüística, apareceu um tal de simpósio internacional de análise do discurso, cheio de mestres e doutores do mundo inteiro e... eu. boboca que não sabia que calouros participavam desses eventos como MONITORES, apenas. fizeram meu abril, também, alguns churrascos, aniversários, teatros, roça e boates.


para compensar, já que o mundo se baseia na lei do equilíbrio, maio foi meio morto. até meados do quinto mês do ano, todos os filmes assistidos foram em casa, sozinha. aliás, maio foi meio todo sozinho, mas não solitário. em meio a tanta pipoca, sofá e promessas de estudo mais intenso, recebi a ligação que mudaria o resto do meu ano. "joyce, é o renato, do tfla. você deixou seu currículo aqui no começo do ano e eu gostaria de saber se ainda está interessada no trabalho. sim? ah, então pode começar o treinamento... amanhã?" e o amanhã foi corrido, mas foi. comecei. não sei se poderia ter dado destino melhor aos meus dias. manhãs e tardes de cafés corridos, barras de cereal engolidas meio de qualquer jeito, muito frio na barriga para conhecer cada aluno que me aparecia a cada meia hora. até me acostumar com a rotatividade de gente nova na minha vida, levou um mês ou mais. mas não só de rotação vive um monitor novo: de novos amigos e bares também, como não podia deixar de ser. tanto calor na alma me levou ao segundo melhor feriado do ano: ...não me lembro qual foi, mas foi na UFOP, com letras, choconhaque e colchão inflável. aquele encontro de estudantes de letras fabulosos e enfumaçados, com algum samba e uma puta sinfonia de roncos à noite. era uma sala do 4° ano, da E.E. santa godoy. eram paulinho, larissa, lislie, lucas, aninha, zildinha, michel, três thiagos, gil, quito, marcelo, cleber, lívia, ana paula, bonitinho, karol, amanda, pedro, xvan, felipe e um mundo de gente. algumas palestras chatíssimas, inclusive sobre o movimento (ou seria letargia?) estudantil. um mini-curso legal sobre HQs, um sarau com direito a beto jamaica e funk e mingau. houve também palestra sobre o estRupo de mulheres sulafricanas, muito nintendo ds, mamonas assassinas, um dormir abraçadinho, shows do lô borges (blé), flávio venturini e beto guedes, meia hora de festa anos 80 e algum haicai:

"brota um capinzinho
entre asfalto e meio-fio
por que desistir?"


o último dia do evento foi de boteco e onze caras de azul correndo atrás da bola, na tv. e esse capinzinho brotando inesperado foi, em mim, o retorno da paixão pelo futebol. alguma coisa me explodiu e eu não perdi mais jogo nenhum do cruzeiro até o fim do ano. fim de maio, que foi até muito cheio pra um mês meio morto.

junho sim foi solitário. pode ser o tal do inferno astral. só trabalho, muito esforço para me adaptar à correria da tal vida adulta. em compensação, li o livro mais bonito e sinestésico do ano e fui jogada na caçamba à meia-noite também, para não dizer que não falei de entulho. o auge foi meu aniversário, com as pessoas que tiveram sangue para subir a serra - tá, alguns foram de carro - e me dar um abraço lá no parque das mangabeiras. foram presentes, fotos, futebol, heineken (e sol), bichos de olhos vermelhos, anoitecer, cangas estendidas, comida gostosa, violão, praça do papa à noite, juno, fagner, casais, beijo, abraço, colo e tal. a solidão do começo de junho ficou sem lugar... ainda bem! para finalizar, outro canceriano comemorou um aniversário digno de memória: o marcolinho. sempre aconchegante. muitos docinhos e chapéus depois (ainda guardo o meu do carros), ainda restou espaço pra pôquer e pra algumas performances do carlos. sem contar os abraços esmaga-cérebros, claro.
o mês seguinte foi... férias. julho, né? em outras épocas, não haveria necessidade de dizer que foi... ócio. dessa vez, porém, passou longe disso! trabalhei um tanto, assisti a star wars, além de ter ido à faculdade quase todos os dias. as razões que me levaram até a FALE, entretanto, passam longe de estudo. lançamento de livros com coquetel de graça, quadrilha - na qual só eu e as drags fomos fantasiadas, além de o meu par ter desistido de dançar na última hora - e D.A. pós-jogos do cruzeiro. sim! D.A. de madrugada, com caminhadas noturnas pelas perigosas matas da UFMG e alguma música. D.A também em dia de limpeza, pra que a gente não pareça tão vagabundo. na metade de julho, bem no fim de semana em que o cruzeiro deu de dois a um no gaylo, fui para dunas de itaúnas com a família:


"dunas de itaúnas é mesmo super woodstock. em uma caminhada até a praia,
cruzei com uma hippie saída diretamente dos anos 70 - cabelão, bebê sujo no colo
e aspecto mais sujo ainda. há, além disso, uma nuvem permanente de maconha no
ar, o que vai me ajudar a confirmar (ou refutar) a teoria da aura do tóxico, de
benjamin. se bem que a tal aura do tóxico me persegue aonde quer que eu vá,
então é possível que ela esteja em mim. enfim, a viagem foi tranqüila (vou
continuar usando trema e foda-se a reforma. blé), exceto por umas ultrapassagens
perigosas, que me fizeram me sentir em um videogame. [...]"

os trechos seguintes são proibidos, mas há quem já tenha lido. enfim... senti falta de alguém lá. mas a saudade que eu matei em dunas foi a da chuva. matar saudade da chuva na praia, um tanto bizarro, mas não faz mal. tinha visto uns estrangeiros na praia, quando vi que falavam alemão, fiquei querendo ir lá falar com eles e até ensaiei uma abordagem meio imbecil. mas a cara de pau nunca veio! para a desgraça (ou não) da minha timidez, meu pai foi falar com um deles, que caminhava sozinho à beira do rio cor de coca-cola. "meine tochter spricht deutsch" e o carinha veio falar comigo. passei a tarde inteira com dois suíços incrivelmente legais e me arrependi de não ter tentado contato antes. mas agora tenho duas casas por lá. quem sabe ano que vem? chegando de viagem, vi o meu time perder para o goiás e perdi minha carteira de identidade, pela segunda vez em menos de um ano. perdi também o medo e enviei um email com um conteúdo bastante incomum para mim. foi um alívio desgraçado, apesar de a resposta não ter sido a desejada. acho que pode ter sido esse o começo da minha honestidade comigo mesma.
o começo de agosto foi difícil. essa tal honestidade tinha me emprestado à solidão, mas a um bom preço. começou com o festival de jazz, tão lotado quanto o piscinão de ramos. prefiro jazz aos domingos no café com letras, mesmo. um festival de cinema no palácio das artes me levou a relembrar um tal david lynch, que depois veio a BH falar sobre o que todo mundo já sabia. foi graças ao cineasta arrogantezinho, porém, que conheci um frio novo na barriga. era bom esperar os recados no armário e os convites para sair que nunca vinham e que, de fato, demoraram bastante a vir. ainda no ramo dos velhinhos sensuais que visitaram BH, encontra-se o ney matogrosso. que show! que homem! suspiros - e fim de comentários. mudando de velhos pra pirralhos, não menos sensuais, o vanguart presenteou meu ano com um show incrível! e o então namoradinho da mallu magalhães bem me deu umas olhadas, viu? haha! bem, agosto não foi mês de desgosto, mas foi angústia. aquela sensaçãozinha maldita de ter feito mal em mandar o email me seguiu o tempo inteiro. sempre me perguntava como seria se não o tivesse feito. e tive a oportunidade de saber em vários jogos do cruzeiro, mas sabe como é o medo da pergunta e o medo maior ainda da resposta? então. foi assim o tempo inteiro.
o melhor recado no armário abriu o meu setembro e me rendeu uns bons dias de sorrisos gratuitos, que se estenderam até o fim de semana próximo, no encontro de ex-alunos do santão e o kulturfest. alguns cafés, falta de vergonha na cara e danças psicodélicas em plena luz do dia, no palácio das artes, abriram uma noite bonita, com pizza (e um cara chato ao extremo, que ganhou um lugar na minha lista de desafetos) e uma árvore artista, que brincava, com a luz, de projetar rostos (que só eu enxerguei) na parede. setembro trouxe um inesperado espírito esportivo, uma vontade louca de jogar futebol. e assim foi feito, graças à taty, que teve a brilhante idéia de organizar a pelada feminina do TFLA. ah, a taty! aquele cheirinho bom de victoria's secret e o ombro sempre disponível! ainda bem que o renato mandou ela pro castelo, ainda bem.
outubro me levou, repentinamente, às pessoas centrais do planalto central. com um fim de semana de conversa no msn, segui um impulso meio maluco e comprei passagens para os quatro dias mais rápidos do ano. redescobri o senhor delegado de cuba, que havia conhecido, em 2006, junto com os móveis coloniais de acaju. ele, que eu julgava meio comunista, me surpreendeu até o último fio de cabelo! aquele cara alto é feito do melhor material possível: videogame, futebol, cozinha e mais um mondecoisa, com um sotaque bonitinho que só vendo! ganhei um amigo a 716km de estrada, mas em meio a muita pizza boa, comida mexicana, winning eleven, monty phyton, trilha sonora de juno, torres de TV, balão vermelho, chás variados, cappuccino, mamo e mimos. brasília também me trouxe de volta a bruna, que não via há seis anos. me deu de presente uma outra família em dia das crianças, com direito a caça aos doces e tudo o mais. outubro me deu a oportunidade de rever amigos queridos, de conhecer um outro, de comer pão da vó do pedro, de descobrir que eu tenho a bunda deveras pequena e de sentir MUITAS saudades. voltando à realidade belorizontina, trabalhei meio deprimida por umas duas semanas. até que uma surpresa boa veio me lembrar dos recados de setembro. um convite inesperado, dois convites inesperados e uma segunda-feira com yellow submarine em caixinha de música, sorvete e pé de amora. subir no pé de amora de madrugada, em plena segunda, é uma idéia concebível apenas nas mentes mais inventivas: e a dele não podia ser diferente. fim de outubro. fim de momento.
marcelo camelo abriu meu penúltimo mês do ano com a graça que só um hermano tem. um ser só de todo mundo, a menina bordada de flor que eu vi primeiro, a saudade e um pois é cheio de lágrimas. duvido que haja no mundo alguéns mais tietes que a taiga e eu. a taiga, pelo meu relato acima, parece nem ter feito parte do meu ano até agora, né? a verdade é que só se leria o nome dela se eu resolvesse citar todos os dias que ela passou comigo. ela perpassou o meu ano e fixou cada dia com o nome dela, e com a voz, que ela não gosta, mas eu nunca esqueço, apesar de confundir com a das irmãs ao telefone. sentimentalismos a parte, novembro foi trabalho (amaciado pelo abraço gostoso da julinha, que só foi descoberto a essa altura do campeonato) o tempo todo. final de semestre em escola não é brincadeira, mesmo. milhões de certificados e provas e exercícios e revisões. ser professora e aluna ao mesmo tempo gera um acúmulo de atividades inacreditável pra esse mês cheio de aniversariantes frutos do carnaval. logo, pulei de um aniversário para o outro o tempo todo, nos meus intervalos de trabalho. entre eles, o da minha mãe. foi uma frustração culinária de dar dó. prometi nunca mais me aventurar na cozinha, mas, no dia seguinte, fiz uma fornada ma-ra-vi-lho-sa de pãezinhos cremosos de coco. hahaha! isso me lembra o "seu" eustáquio, meu instrutor de auto-escola, que me levou ao supermercado para comprar os ingredientes. ele foi uma peça chave no meu ano e sofreu comigo a cada arrancada errada, cada freiada brusca e cada xingo no trânsito. ele, que me acompanhou em todos os meus horários de almoço desde setembro. mas novembro não foi um mês feliz para o meu sonho automobilístico. tomei pau duas vezes e quase fiz o seu eustáquio chorar. foi triste, mas valeu ter que aprender a lidar com fracassos, já que eu sou sortuda pra caralho e quase nunca preciso passar por situações assim. foi em novembro, também, que tomei pau no exame de francês. foi a primeira vez, na minha vida inteira, que senti a gargalhada acadêmica do fracasso.
dezembro-férias e, dessa vez, sem trabalho. ainda não terminou, mas posso afirmar que não havia como meu ano acabar melhor. tenho me afogado nas coisas que amo. muitos cafés e cinema, muito roger, muito chris, muito rafa e alguma leila lopes, muita boate, a descoberta do narguile e do nintendo wii, muito livro, muita chuva. e foi assim, na chuva - e com uma cólica do capeta - que eu finalmente tirei carteira! ganhei abraço do examinador e alguns muitos do seu eustáquio, que disse que foi o melhor presente de aniversário que ele podia ter ganhado! *-* falando em presentes de aniversário, devo green lasers para uma coisinha boa que só me apareceu agora. para dar hiperatividade ao meu fim de ano, os móveis voltaram e, dessa vez, na estação de metrô. precedidos pela ana cañas, uma mulher linda de morrer, os meus brasilienses bonitos vieram, arrasaram e prometeram voltar ano que vem. antes de eles voltarem, porém, tentarei ir até eles, a convite do beto mejía e do pedro, que me trouxe a maior saudade do mundo. dezembro foi o desfecho perfeito de um ano que foi meu, não sei se graças à predição do carlos ou ao rumo natural de tudo.
(o natal é uma época a parte, quase que outro mês. talvez eu escreva depois sobre a atual fragmentação da minha família, que transformou a melhor época do ano em uma um pouquinho mais difícil de engolir. de qualquer forma, é natal! e eu espero o ano inteiro pelos melhores biscoitos alemães e o bolo de frutas e nozes mais delicioso que alguém pode querer.)
em resumo, não tem como resumir. provavelmente serão pouquíssimos os que terão paciência para tanta palavra e tanto momento. é mais a fim de registrar aqui, caso eu sofra de algum mal da memória, para que tudo isso nunca se desgrude de mim. nunca mais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

tinha um domingo na minha segunda-feira.

hoje tinha uma aranha na minha parede, uma chuva pesada no meu céu, uma prova na minha tarde e um "você não é capaz" na boca do meu avaliador. hoje tinha um salário baixo na minha conta, um "desista!" em todos os homens, um "verificaremos a sua situação em fevereiro" no meu calendário. hoje tinha um chocolate amolecido no meu armário, um furo na minha blusa, uma lembrança rasgada no bolso da minha calça. hoje: cabelos sujos na minha cabeça, um escorregão no meu passo. hoje tinha um começo de decadência no meu destino, um frio na barriga de queda pós-auge, um "você fodeu com o seu grupo" na minha consciência.

hoje, mais do que nunca, tinha um cabelo no meu ovo, uma mosca na minha sopa, uma pedra no meu caminho e um domingo na minha segunda-feira.

domingo, 26 de outubro de 2008

Rir é muito úmido.

Disse Chomsky que "idéias verdes incolores dormem furiosamente" e cheguei à conclusão de que não há nada mais bonito que as anomalias semânticas. Elas suprem algumas das minhas necessidades fisiológicas. Sério. É como se mimetizassem o efeito da serotonina.

A raiz quadrada da mesa de Mila bebe humanidade. Rir é muito úmido. O fato de que o queijo é verde tropeçou inadvertidamente. Minha escova é loira e alta.

Ai.
<3

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O post anterior apresentou algum tipo de problema e ficou em forma de poema (bastante inusitado, diga-se de passagem). Não quis deletar, porque há um comentário. Então, posto novamente, em sua forma 'original':

"...E eu compreendia a impossibilidade contra a qual o amor se choca. Imaginamos que ele tenha por objeto um ser que pode estar deitado à nossa frente, oculto num corpo. Mas ai! Ele é a extensão desse ser em todos os pontos do espaço e do tempo que esse ser ocupou ou vai ocupar. Se não possuímos ser contato com tal lugar, com tal hora, nós não o possuímos. Mas não podemos tocar todos esses pontos. Se ainda nos fossem indicados, talvez pudéssemos tentar alcançá-los. Mas tateamos às cegas sem encontrar. Daí a desconfiança, o ciúme, as perseguições. Perdemos um tempo precioso seguindo uma pista absurda e passamos ao lado da verdade sem suspeitá-la."

domingo, 19 de outubro de 2008

prisionnière.

"...E eu compreendia a impossibilidade contra a qual o amor se choca. Imaginamos
que ele tenha por objeto um ser que pode estar deitado à nossa frente, oculto
num corpo. Mas ai! Ele é a extensão desse ser em todos os pontos do espaço e do
tempo que esse ser ocupou ou vai ocupar. Se não possuímos ser contato com tal
lugar, com tal hora, nós não o possuímos. Mas não podemos tocar todos esses
pontos. Se ainda nos fossem indicados, talvez pudéssemos tentar alcançá-los. Mas
tateamos às cegas sem encontrar. Daí a desconfiança, o ciúme, as perseguições.
Perdemos um tempo precioso seguindo uma pista absurda e passamos ao lado da
verdade sem suspeitá-la."
[Proust, em La Prisonnière]

Je suis une prisionnière. Je suis perdu. L'amour n'est pas pour moi. Não importa em que língua eu o diga, o amor... ele nunca será para mim.

domingo, 5 de outubro de 2008

o cheiro do ralo.

você não pode querer envelhecer ao lado daquela bunda sem tomar junto com ela a mulher que a carrega. e o estômago dessa mulher também se estufa depois do almoço, ela também tem o bafo matutino e, pela bunda dela, sai merda com o mesmo cheiro insuportável que a sua. o mesmo cheiro do ralo. você não poderia suportar outra pessoa igual a você mesmo, não é? por isso você deseja a bunda. beijar a bunda, olhar a bunda, chorar junto a essa bunda. matar sua fome de bunda. você ainda não se deu conta de que fome de corpo nem sempre com corpo se mata? para isso há comida. há bananas e animais. não sei de onde tiraram que fome de corpo tem de se matar com um outro corpo, ao qual vem anexada uma alma. sexo e alma não combinam. não entendo porque resolveram que era bom associá-los. se eu fosse o sexo, não quereria alma como sócia. má parceria, mal sucedida.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

eu reluto
em te lutar
e, de luto,
você luta
por mim.
e eu
c e d o.

para brincar,
você reluta
em me lutar
e eu, de luto,
te luto
e você
tarda.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

chuva de anti-tédio. pode?

será que tudo isso foi culpa do tédio? há pouco menos de duas horas reclamei. nadadediferenteacontecetododiaéomesmoeuquerosurpresas. não queria me liquefazer em tédio. já havia tomado por providência a leitura do roteiro de "um cão andaluz", para ver se eu criava um sonho acordada, na impossibilidade de dormir. quando a vaca mugiu no meu telefone, indicando que era hora de voltar ao dia que era o mesmo de todos os outros, parei de ler. fechei os sonhos no trecho "neste momento vai acontecer uma coisa extraordinária" e, em uma fusão do mundo de buñuel com o real, alguma coisa de diferente, em um dia que não era o mesmo, aconteceu. choveu. choveu granizo e muito. muito choveu granizo por muito tempo. o teto sem laje deixou que chovesse enquanto eu tentava ensinar, sem garganta - se em "mute" por causa da chuva ou por causa da noite anterior varada por "Rs" glotais, não sei - "Who are you?". quemévocêquecoréseucarro(amassado pela chuva)vocêéolulaquantosanosvocêtem quando o mundo cai na sua cabeça? "mãos ao alto!" e tudo te pega de assalto quando o que você mais quer é fugir da rotina.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

http://www.youtube.com/watch?v=tpqfWJ9TERQ&feature=related

fechem os olhos. façam silêncio absoluto. escutem.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

noch einmal.

"you know when you've found it
there's something i've learned
'cause you feel it when they take it away"

domingo, 20 de julho de 2008

ontem eu perdi no resta um e tenho andado com os olhos bem abertos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

achado.

Se eu escrevo, choro, rio, me perco ou me entrego, é porque alguma coisa eu tenho para mostrar. Este meu "eu" sem graça ou nexo, que roga por lapsos de euforia. "Eu" paradoxo e melodia, que não quer nunca parar. Que a alegria seja momentânea, duradoura, eterna. Inócua. Quero ser inquebrantável, leve e insana. Quero jogar beijos ao vento sem esperar tê-los de volta. Quero do mar o ar molhado de sal. Sentir o barulho das ondas e ter os pés cravados em conchas desiguais. Ter nos cabelos o vento e fazer do momento uma dança sem fim. Poder subir nas pedras e me jogar sem medo e gritar aos quatro ventos que só quero me descobrir. Talvez eu queira das montanhas o frescor da brisa e o perfume da flor. Aquela delicada flor do manacá. Talvez eu queira ouvir a água da cachoeira agredir as pedras de modo tão suave que não as faça rachar. Quero poder dizer ,sem pudor, que não senti, que eu não sinto. Que o meu desejo de euforia não passa de um capricho. Que toda a minha controvérsia se resume em um barroco porco e maldito. Que eu não sou o que eu queria ser: inquebrantável, leve e insana. Sou simplesmente alguém perdida na humilde complexidade do seu ser. Ou não ser? Eis a questão.

Texto do blog antigo. Dezembro de 2005.
Eu escrevia bonitinho, antigamente.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Espelho mágico

Da eterna procura

Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.

Mas...

Da felicidade

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!

[Mário Quintana]

segunda-feira, 30 de junho de 2008

em letras minúsculas.

de coração murcho, ela andava pelas ruas. estava assim porque não podia contar as estrelas e estava longe demais do mar para dizer se ele era mesmo salgado. uma vez, porém, ela esteve bem perto de descobrir a verdade sobre as coisas. encontrou um penhasco tão alto, mas tão alto que podia ter as estrelas nas mãos. mas teve medo de se queimar. o mesmo penhasco dava para o mar. mas, com medo de descobrir que o mar era doce, não pulou. teve medo de se afogar.

(o coração? murchou mais um pouco, até se assemelhar aos sacos de lixo que representam os pulmões nas embalagens de cigarro. se ela não tomar cuidado, vai morrer deste câncer, o medo)

sábado, 28 de junho de 2008

verdade extra-universal

Até mesmo os Jedi e os Sith concordam que o amor representa perigo, sabe como?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

pensamentos simultaneamente ordenados.

Sempre alego falta de inspiração ou de tempo ou de ambos, o que não deixa de ser verdade. Isso não justifica, porém, a ausência absoluta disso aqui. Acho que eu sou mesmo assim. Absolutamente ausente e, na maioria das vezes, por acidente. Não é que eu não me importe. Por eu ter esse ranço incômodo de perfeccionismo, acabo pecando pelo medo de tentar. Se é para resultar em auto-frustração, melhor nem me apegar. Nem a textos nem a pessoas. Nem a dias passados nem futuros. Nem ao momento eu tenho o costume de me apegar. Desconheço a origem desse pânico, mas a existência é inegável. O que geralmente atribui-se ao homem, o medo de comprometer-se, é algo que me acomete desde sempre e não faço idéia de quanto tempo ainda há de durar. Sei que só agora isso comecou a me incomodar, a me doer profundo. Chega a latejar-me o cérebro. É possível que seja devido ao acidente de só agora ter me deparado com alguém tão parecido comigo nesse aspecto. É um tanto quanto assustador saber que outra pessoa me trata do mesmo modo como tratei as pessoas a minha vida inteira. Assustador demais, na verdade. Isso só prova que eu provavelmente não tratei as pessoas do jeito que elas mereciam. Culpo essa minha personalidade bizarra, que oscila entre extremos. Já fui chamada de relâmpago, de cubinho de gelo imprevisível. Alusões à frieza e à velocidade de saída sempre fizeram parte do meu imaginário de relacionamentos. Acontece que nem sempre está frio aqui dentro. O problema é que o calor fica retido e, pela válvula de escape, não sai nada além de aparente indiferença. Isso está me matando, pela primeira vez em anos. Qual é o problema comigo? Qual é o problema com ele? São, obviamente, perguntas retóricas sem solução, porque assim é a minha personalidade. Sem solução. Sou implícita e sempre achei que era bom ser assim. Não gosto de me imaginar óbvia, sem mistério. Além disso, nunca me apeguei a pessoas sem mistério. Só as pessoas de ausentes ou camufladas intenções me pertenceram ao pensamento um dia. Talvez só assim eu realmente me pertença. É.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

É dia extra do bissexto.

Já que hoje é um dia que só se repetirá (?) daqui a quatro anos, resolvi que postar alguma coisinha aqui seria bom. Fazer coisas incomuns em um dia incomum. Não que eu quisesse que postar aqui fosse algo incomum, mas regularidades não funcionam muito bem para mim.

Dando início ao rol de bizarrices do dia extra do ano bissexto, minha rasteirinha arrebentou às 7 e meia da manhã, no momento imediato em que eu desci do ônibus, rumo à aula de inglês preguiçosa das sextas madrugadoras. Foi até interessante passar uma manhã descalça na Savassi, atraindo olhares de todos os transeuntes, a maioria deles muito elegante, preparada para ter um dia cujo rumo tendia à uma direção diametralmente oposta à minha situação. Muitas pedras afiadas no caminho, muita fofoca, piadinhas e olhares desconfiados acolheram o meu desconforto, mas não achei que havia solução melhor do que empinar o nariz tanto quanto as madames do Pátio, fingir que estava propositalmente descalça e que essa era mais uma maneira de integrar-me à natureza, tal como as dietas à base de grãos e os banhos de lama medicinal. A minha tática não obteve muito sucesso nem evitou olhares das patricinhas, mas me valeu uma historinha pra contar. O telefone tocou bilhões de vezes agora e eu perdi a linha do raciocínio, então vou lavar a cabeça e ir pra faculdade. Prefiro nem imaginar as bizarrices que me aguardam na calourada.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A paz que só o créu traz.

14 horas dentro de um trem com destino à praia dos mineiros. As tentativas de dormir foram muitas, mas não havia quem deixasse. Mas
quem precisa dormir quando se tem música espanhola (?), ferromoços, Sarah, Isadora, Magali, infindáveis vagões de trem a serem visitados
e arroz piamontese à espera na casa da Camila? Em Vitória, uma noite e um dia. Praia de Manguinhos - cheia de algas, por sinal - e
shopping, pra comer empada de frango com cheddar e petit gateau e ver a Sarah brigando com o Maurício. Depois disso, foram duas
semanas na Praia do Morro, em Guarapari. Não me lembrava muito bem de como era, só sabia que todo mundo dizia que era feia e suja,
a praia. Não sei se foram as circunstâncias ou os amigos, mas a propaganda negativa que quase todo mundo me fez de lá me pareceu
enganosa. Não era bem uma praia digna de nordeste, mas suficiente pra passar uns dos meus melhores dias ao lado de umas das minhas
melhores pessoas.

Durante o dia (que só começava depois do meio-dia), era passatempo nosso procurar pelos 6 (ou trucos)* pra dar um dente**, ouvir e
dançar o créu, esperar pelo queijo assado lotado de orégano, sentir nuvens de água quente*** no mar, fazer caminhadas de deixar as
pernas doces, jogar pôquer de óculos escuros, esperar pelo Fernando, buscar o Carlos no Jaqueline Morgan e programar o dia seguinte,
quando voltaríamos à praia do Ermitão (que PUTAQUEPARIU, era muito linda), iríamos ao Parque Aquático ou ao Skol Spirit, com o Izinho e
a Camila. Obviamente, todos os planos furavam, porque acordávamos tarde demais pra realizar qualquer um que fosse e acabávamos indo ao
Centro, onde fomos ao aquário mais fracassado do universo e encontramos, por sorte, a Rayza e o Lucas.

As noites eram as melhores. Pra tomar banho, a fila, cuja ordem era decidida pelo tamanho do cabelo e a demora pra escolher a roupa e
se maquiar. Obedecendo aos dois critérios, a Tamires deveria sempre ser não a primeira, mas a tangente de 90º, que explode pro infinito
(negativo, é claro). Pobres de mim e do Roger, que tínhamos os menores cabelos e vaidades! Quando todo mundo ficava pronto pra sair,
horário que já passava do BigBrother, íamos, sem destino, andar na areia, a procura de um luau que nunca aparecia. Eis que, uma noite,
encontramos um pseudo-luau, com um violão bêbado e pessoas engraçadas de Patos de Minas. Tamires ganhou uma serenata do violonista
alcoolizado, a Isadora conquistou um paraguaio e se transformou na IsadôRRa, a Tati sofreu uma colisão frontal com um mendigo bêbado e eu
planejei uma viagem de bote até a África. As outras noites foram de parque, com direito a brinquedos assassinos, de Piña Colada e
Flamejante, de créu na praia, de Pastelonça, Churros do Chaves e cachorro quente. Sem contar os shows gratuitos do Central Urbana, Fábio
e Fabrício, Boka Loka, Trio Forrozão, Cadillac e 14 Bis, e os pagos, como o do NX Zero na Pedreira (fui conhecendo só 'Entre razões e
emoções' e sai achando todas as outras músicas iguais a ela, mas com vontade de pular no palco e agarrar o vocalista gostoso. Ganhei um
fiapo da toalha dele e a sacola onde as toalhas estavam guardadas. Haha) e os dois do Naturau. Noite de quarta-feira na Tontería, com
muita música eletrônica, Cuba Libre e créu na velocidade 5, até derreter, com o Roger, Tamis, Tati, Sarah, Isadora, Fernando, Hugo, Cacau
e uns hombres bonitos até! Em compensação, na rua só tinha esquilo com pneumonia****, dentre os quais um pseudo-carioca, que me
obrigou a dizer que me chamava João e que era de Ribeirão das Neves.

Ah! Um detalhe importante: as noites e madrugadas eram regadas à chuva, que fazia graça de todo o nosso esforço pra arrumar o cabelo,
mas que não impedia as nossas demências vespertinas. Nada, nem o mau humor eventual da Tati, me impedia de cantar com ela James
Blunt, Damien Rice e Los Hermanos em alto e bom tom na praia, sujando a roupa de areia e atraindo olhares dos passantes. Nada me
impedia de conversar hoooras a fio com o Roger e a Tamis sobre filmes bizarros, de pedir pra Isadora gritar 'treme treme o bumbum',
'créééu', 'tchamairáá' e 'habib' com a melhor voz do mundo, de abraçar a Saroca até ela perder o ar e dizer a ela o tempo todo que estava
com saudades, mesmo ficando vinte e quatro horas grudadas.

O pânico de voltar de ônibus com um motorista MUITO estranho, que parou no meio da estrada deserta dizendo que o motor estava
estragado, não foi suficiente pra me fazer perder o humor acumulado ao longo desses dias. As minhas madrugadas agora são tranquilas, sem
ninguém pra me roubar um pedaço de colchão ou pisar no meu cabelo em uma ida à cozinha. Sem ninguém pra cantar créu ou música
sertaneja. Sem ninguém pra pular em cima de mim pra eu não dormir. Sem ninguém pra me fazer assistir Telecurso 2000. A paz que só o créu traz vai fazer falta.

*Interna 1
**Interna 2
***Interna 3
****Interna 4


(Alie toda essa sensação de bem-estar com uma aprovação em 1º lugar no vestibular da UFMG! Concorda que eu vou explodir?)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

de baixo pra cima ou de cima pra baixo?

olha só!
o eco do ego
ecoando
o oco da vida
aumentando
o pouco do que resta
dormindo
o resto da festa
sonhando
o ano novo
batendo
o ano velho
revivendo
o amor velho
tomando conta do
ano de novo
do novo
de novo
o ciclo se enquadrando
a cortina se fechando
(ou se abrindo pra quem olha de dentro?)
o verão se esfriando
o verbo se enervando
e dormindo
e domingo
e dor.