quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A paz que só o créu traz.

14 horas dentro de um trem com destino à praia dos mineiros. As tentativas de dormir foram muitas, mas não havia quem deixasse. Mas
quem precisa dormir quando se tem música espanhola (?), ferromoços, Sarah, Isadora, Magali, infindáveis vagões de trem a serem visitados
e arroz piamontese à espera na casa da Camila? Em Vitória, uma noite e um dia. Praia de Manguinhos - cheia de algas, por sinal - e
shopping, pra comer empada de frango com cheddar e petit gateau e ver a Sarah brigando com o Maurício. Depois disso, foram duas
semanas na Praia do Morro, em Guarapari. Não me lembrava muito bem de como era, só sabia que todo mundo dizia que era feia e suja,
a praia. Não sei se foram as circunstâncias ou os amigos, mas a propaganda negativa que quase todo mundo me fez de lá me pareceu
enganosa. Não era bem uma praia digna de nordeste, mas suficiente pra passar uns dos meus melhores dias ao lado de umas das minhas
melhores pessoas.

Durante o dia (que só começava depois do meio-dia), era passatempo nosso procurar pelos 6 (ou trucos)* pra dar um dente**, ouvir e
dançar o créu, esperar pelo queijo assado lotado de orégano, sentir nuvens de água quente*** no mar, fazer caminhadas de deixar as
pernas doces, jogar pôquer de óculos escuros, esperar pelo Fernando, buscar o Carlos no Jaqueline Morgan e programar o dia seguinte,
quando voltaríamos à praia do Ermitão (que PUTAQUEPARIU, era muito linda), iríamos ao Parque Aquático ou ao Skol Spirit, com o Izinho e
a Camila. Obviamente, todos os planos furavam, porque acordávamos tarde demais pra realizar qualquer um que fosse e acabávamos indo ao
Centro, onde fomos ao aquário mais fracassado do universo e encontramos, por sorte, a Rayza e o Lucas.

As noites eram as melhores. Pra tomar banho, a fila, cuja ordem era decidida pelo tamanho do cabelo e a demora pra escolher a roupa e
se maquiar. Obedecendo aos dois critérios, a Tamires deveria sempre ser não a primeira, mas a tangente de 90º, que explode pro infinito
(negativo, é claro). Pobres de mim e do Roger, que tínhamos os menores cabelos e vaidades! Quando todo mundo ficava pronto pra sair,
horário que já passava do BigBrother, íamos, sem destino, andar na areia, a procura de um luau que nunca aparecia. Eis que, uma noite,
encontramos um pseudo-luau, com um violão bêbado e pessoas engraçadas de Patos de Minas. Tamires ganhou uma serenata do violonista
alcoolizado, a Isadora conquistou um paraguaio e se transformou na IsadôRRa, a Tati sofreu uma colisão frontal com um mendigo bêbado e eu
planejei uma viagem de bote até a África. As outras noites foram de parque, com direito a brinquedos assassinos, de Piña Colada e
Flamejante, de créu na praia, de Pastelonça, Churros do Chaves e cachorro quente. Sem contar os shows gratuitos do Central Urbana, Fábio
e Fabrício, Boka Loka, Trio Forrozão, Cadillac e 14 Bis, e os pagos, como o do NX Zero na Pedreira (fui conhecendo só 'Entre razões e
emoções' e sai achando todas as outras músicas iguais a ela, mas com vontade de pular no palco e agarrar o vocalista gostoso. Ganhei um
fiapo da toalha dele e a sacola onde as toalhas estavam guardadas. Haha) e os dois do Naturau. Noite de quarta-feira na Tontería, com
muita música eletrônica, Cuba Libre e créu na velocidade 5, até derreter, com o Roger, Tamis, Tati, Sarah, Isadora, Fernando, Hugo, Cacau
e uns hombres bonitos até! Em compensação, na rua só tinha esquilo com pneumonia****, dentre os quais um pseudo-carioca, que me
obrigou a dizer que me chamava João e que era de Ribeirão das Neves.

Ah! Um detalhe importante: as noites e madrugadas eram regadas à chuva, que fazia graça de todo o nosso esforço pra arrumar o cabelo,
mas que não impedia as nossas demências vespertinas. Nada, nem o mau humor eventual da Tati, me impedia de cantar com ela James
Blunt, Damien Rice e Los Hermanos em alto e bom tom na praia, sujando a roupa de areia e atraindo olhares dos passantes. Nada me
impedia de conversar hoooras a fio com o Roger e a Tamis sobre filmes bizarros, de pedir pra Isadora gritar 'treme treme o bumbum',
'créééu', 'tchamairáá' e 'habib' com a melhor voz do mundo, de abraçar a Saroca até ela perder o ar e dizer a ela o tempo todo que estava
com saudades, mesmo ficando vinte e quatro horas grudadas.

O pânico de voltar de ônibus com um motorista MUITO estranho, que parou no meio da estrada deserta dizendo que o motor estava
estragado, não foi suficiente pra me fazer perder o humor acumulado ao longo desses dias. As minhas madrugadas agora são tranquilas, sem
ninguém pra me roubar um pedaço de colchão ou pisar no meu cabelo em uma ida à cozinha. Sem ninguém pra cantar créu ou música
sertaneja. Sem ninguém pra pular em cima de mim pra eu não dormir. Sem ninguém pra me fazer assistir Telecurso 2000. A paz que só o créu traz vai fazer falta.

*Interna 1
**Interna 2
***Interna 3
****Interna 4


(Alie toda essa sensação de bem-estar com uma aprovação em 1º lugar no vestibular da UFMG! Concorda que eu vou explodir?)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

de baixo pra cima ou de cima pra baixo?

olha só!
o eco do ego
ecoando
o oco da vida
aumentando
o pouco do que resta
dormindo
o resto da festa
sonhando
o ano novo
batendo
o ano velho
revivendo
o amor velho
tomando conta do
ano de novo
do novo
de novo
o ciclo se enquadrando
a cortina se fechando
(ou se abrindo pra quem olha de dentro?)
o verão se esfriando
o verbo se enervando
e dormindo
e domingo
e dor.