tag:blogger.com,1999:blog-15895402256738571552024-03-18T22:00:48.948-07:00O EGOe tudo o mais.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-13488215234685347962010-04-06T09:54:00.000-07:002010-04-06T09:58:35.231-07:00Nósdepois de muita ausência, uma aparição. dessa vez, não é pra falar sobre mim, sobre os meus dias, sobre angústias. o post é dedicado ao trabalho lindo da lu e do marco.<div><br /><div><a href="http://www.vimeo.com/10415577">http://www.vimeo.com/1041557</a></div><div><br /></div><div>o que é a saudade?</div></div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-39115401622430335092009-08-21T12:07:00.000-07:002009-08-21T12:09:22.799-07:00na blusa da professora estava escrito:"eu não devia<div>dizer</div><div>mas esta lua</div><div>mas este conhaque...</div><div>botam a gente</div><div>comovido como o diabo"</div><div><br /></div><div>e o drummond sabia das coisas.</div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-64726168830547262262009-08-05T16:12:00.000-07:002009-08-05T19:19:00.675-07:00E eu ia indo por dentro da chuva.<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;line-height:150%"><i></i></p><i><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;line-height:150%"><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">Não dá pra não sentir na pele o frisson. A vontade tranqüila de dançar um tango, um cacuriá ou um carimbó perpassa o mais adormecido fio de cabelo e me sacode os dois dedos d’água que carrego tremulantes no coração. E tudo me arrepia quando me lembro daqueles dias. As saudades causam arrepios – daqueles sotaques vindos do Ceará e de Santa Maria, de todo aquele desespero pela vida e pelo instante. Saudades de tentar descobrir como aquela aura misteriosa, como o inevitável inconsciente se desvendou em amor, e depois se dividiu em pedacinhos pelo Brasil. Pedaços sempre reatados pela certeza do reencontro e das cartas e do porvir. Não me lamento de nada – nem dos oito dias banhados por uma chuva fria e cruel nem da água gelada no chuveiro, cercado por uma caixa enorme de alumínio. Um campus de concentração – um Ausschwitz ao revés. Expectativas às avessas. Assim sendo, não me incomodou tanto o frio da madrugada e eu desprevenida, ainda acreditando nos possíveis 40ºC cariocas. E era inverno! Inverno quente - em ebulição, se quer saber. Ainda me lembro da preguiça e da raivinha marrom daquele “ACORDA! Não vai ficar aí hoje, né? É o primeiro dia!” às onze da noite pra ir dançar. Era quase a mesma voz, no segundo, no terceiro, em todos e no último dia. Sempre sob o mesmo pretexto, sempre me despertando para a vida. E aí vinham a dança e os abraços e os sorrisos tão tão calorosos, fazendo reavivar a lembrança de que valia tanto a pena, que o colchão lá no quarto era frio e solitário, que ele podia esperar e que alguém IA roncar freneticamente ao meu lado. A sinfonia de roncos me matava, mas no dia seguinte só conseguia sorrir. E eu senti Copacabana por perto, vi o vento do mar e as esculturas em areia – tudo tão perfeito e delicado e surreal. Conheci um menino estranho, que faz yoga de calça jeans na areia e já foi chegando criando espaço. Logo de cara, xinguei, bati, desabafei, pedi conselhos e perturbei um tanto, coitado. Vaguei pela Lapa, aleluiamuitobemobrigada, e um mojito me sacudiu as estruturas – e sacudiu os arcos nas fotos fora de foco, tremidas e gargalhadas. Eu estive fora do ar. Eu virei homem por uma noite – My name is Joyce, James Joyce - e me senti bem mais mulher no dia seguinte, grazie. Descobri o quanto é maravilhoso não ter nada entre as pernas na hora de assentar. Aprendi a usar laquê. Gostei de experimentar o contrário, não gostei de beber Ice com sabor de Yakult. Gostei da ginga diferente dos sotaques brasileiros, quis me mudar pro Ceará. Andei na chuva por Niterói em boa companhia, comi pela primeira vez uma esfiha no Habib’s e fiz um pseudopicnic de madrugada que nunca vai sair da memória. Andei por um lugarzinho distante, rodeado por serras em névoa, em plena praia. Vi um ipê florido, comi peixe e não nadei no mar. Vi o Sol umas duas vezes e nunca quis tanto que ele surgisse claro e alto no céu. Ele só surgiu aqui dentro. Surgiu também no Leblon, à noite, depois de algum caos envolvendo malas e um ônibus sacolejando e algumas mãos desajeitadas tentando segurar tudo inutilmente. Foi no festival de jazz e blues no bairro mais charmoso do Rio que vi o Marcelo Camelo bem breve, mas jamais efêmero. Senti um oco de decepção por ter ido ver a versão original de Janta, com a Mallu(ca) Magalhães, e ela não ter se dado o trabalho de subir no palco pra cantar com ele e, mesmo assim, metade da raivinha que sentia dela foi embora. Ela devia gritar menos, falar menos e investir no blues. Até que tem futuro, a menina. Ah! Comi cookies recém-saídos do forno, queimei a mão com matte quente e dormi abraçada em uma garrafa de vodka, que era gelada e aliviava a dor. Conheci um tal poeta que me disse que “</span><span class="apple-style-span"><span style="color:black;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">só o raso é cool. A dor é Kitsch”, que me trouxe uma dorzinha bem profunda, porém cool, e que ainda por cima tem sotaque bonito. E me doeram os ossos e os músculos e os ânimos de tanto arrastar malas por um chão eterno de pedras. Mas aí eu me lembro que desse chão surgiram passos bonitos de dança e de vida, que por ele se arrastaram malas do Brasil inteiro, carregando roupas do sexo oposto, saias de quadrilha e scarpins inusitados. E então eu amo aquele chão. E então eu nunca mais me esqueço.</span></span></span></p></i><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;line-height:150%"><br /></p>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-1133121560423326282009-08-02T18:17:00.000-07:002009-08-02T18:21:09.313-07:00Sobre café e borboletas.<div align="justify">O café, naquele dia, não tinha o costumeiro aroma que desperta de uma noite de sonhos e nem o sabor forte que aguça os sentidos para a realidade. Ele, desgraçada e cinicamente, a fez permanecer em um mundo que não era seu. Os sonhos lhe davam náuseas. Ela podia sentir o cheiro áspero do enxofre, como o que vinha do inferno. Ou talvez fosse somente a carne morta exposta ao sol, pronta para ser devorada no almoço. O transe a dividia entre a realidade e o sonho, entre a mulher e a menina, o almoço e o inferno imaginário. Nada disso era muito bom. Ela tirou os brincos de borboleta das orelhas inflamadas, que tinham como invólucro a pomada transparente. </div><div align="justify"><br />Mas as borboletas insistiam em perturbar-lhe a mente: estavam lá, fundindo as várias cores em um vôo confuso e desesperado, sem saber em que flor pousar. Talvez as paredes as recebessem com hospitalidade maior e suas cores acalmassem, dormissem, sonhassem.</div><div align="justify"><br />À mulher o café parecia repugnante: lembrava-lhe que, a qualquer momento, a borboleta adentraria folgada e incisivamente sua xícara verde-musgo, atordoando a calmaria do líquido marrom. A menina queria beber o café. Que engolisse com ele o furacão de borboletas, todas as suas cores efusivas, toda a confusão! A mulher se contentava com a rigidez das paredes frias e seguras para pousar e repousar. Ora, as borboletas não precisavam ser assim, tão exigentes! A menina se deleitava com a fantasia de repousar em campos verdes e enfeitados com as mais vivas e sedosas parasitas, pendessem elas das frondosas árvores ou brotassem do gramado macio. As borboletas ficavam tão mais belas quando vistas assim! Mas a inspiração fugia-lhe num arroubo, num instante de respiração ofegada. E, então, ela arrancava a sianinha dos cabelos e voltava a ser mulher. </div><div align="justify"><br />Cansada e impaciente, ansiava por chegar ao Topo do Mundo e brincar de ver o sol se pondo por entre as pernas, de cabeça para baixo. Enquanto isso, a menina sacudia-lhe o corpo internamente, querendo libertar-se daquela mulher impenetrável. Mas ela era mesmo impenetrável. A menina estava presa junto às borboletas e gritava. Esperneava. Até que o grito fosse tão alto que se tornasse inaudível. </div><div align="justify"><br />A mulher conhecia a existência da menina e ignorava-a. Tentava fingir indiferença, afogando suas borboletices em taças caras de Bordeaux. Nem o furacão era capaz de sacudir-lhe as estruturas, somente as flores. A ausência delas. A ausência de um lugar tranqüilo e confortável onde pudesse recostar a cabeça e reconstruir suas asas quebradas. Restou-lhe apenas a espessa e branca parede descascada. A menina fora esquecida. O transe interrompeu-se. Tudo culpa do café.</div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify">[àqueles que leram esse texto mais de mil vezes, desculpem-me e desculpem-se por tê-lo lido de novo. ele precisa acompanhar minha mudança de endereço... pra quem o lê pela primeira vez, é de 2006 - quando eu ainda não tinha tido a inspiração assassinada pela teoria]</div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-87418406695112959012009-08-01T09:26:00.001-07:002009-08-06T19:40:26.931-07:00Rayuela - só porque me fez arrepiar.<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eXI6mWcFwrIW9tO6ID00KOCeR9vhNVuzHFAoLaiF9STC4wmLkt6vSl86eVMQso0INrRYkJTNoPZjIKPD6CdlCHitAVm9jTcwMgGAGkTCkWlD2qPu-msJP1uvMOhTEfAk4khpduPMuAM/s1600-h/ch7.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5365032567128773826" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eXI6mWcFwrIW9tO6ID00KOCeR9vhNVuzHFAoLaiF9STC4wmLkt6vSl86eVMQso0INrRYkJTNoPZjIKPD6CdlCHitAVm9jTcwMgGAGkTCkWlD2qPu-msJP1uvMOhTEfAk4khpduPMuAM/s400/ch7.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">"Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha o seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você. Você me olha, de perto me olha, cada vez mais perto, e então brincamos de ciclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água. "<br /><br />(Rayuela, capítulo 7 – Júlio Cortazar)</div></div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-73067097185079234202009-05-19T09:16:00.000-07:002009-05-19T09:18:16.452-07:00para personne.<div align="right"><br /><em>"this is my letter for you<br />but the words get confused<br />and the conversation dies [...]"</em></div><p align="justify"><br />e eu pensei tanto em escrever uma carta contando dos dias em que atravessei a rua e vi tantos rostos diferentes sorrindo para mim! pensar que eu nem sabia que era para você que eu devia escrever. é como se, de repente, todo o nosso passado voltasse à tona e eu me sentisse mais uma vez confortável ao seu redor. é como se eu pudesse te contar sobre tudo e todos, te escrever um conto acidentalmente erótico ou te enviar uma foto do aniversário da minha tia só para mostrar um detalhe do vestido de alguém que me fez lembrar você. foram tantas as vezes em que senti saudades das suas mãos macias, do seu cheiro familiar e da sua voz sempre pronta para mais um conselho ou música boba! e eu sempre me lembro daquele fim de tarde cheio de movimento - se da charrete ao por do sol ou se das gargalhadas, não sei muito bem. aquele fim de tarde que se completou com a noite, sabe? aquela noite de chás exóticos, piscadelas, cartas e cachecóis. me fazem morrer um pouco aquele lago, aquele filme pré-adolescente e toda aquela conversa sobre nunca se esquecer de quem somos ou de tudo o que passamos, sobre como tudo continuaria igual. ilusão. estávamos envolvidas demais para conseguirmos perceber que sentiríamos remorso mais tarde pelas promessas não cumpridas.<br /><br />não escrevo, porém, para afogar tudo em nostalgia. quero mesmo é te contar que coloquei uma estante nova no meu quarto e que a sua foto se transportou para ela - não te exclui na mudança, ao contrário do que temíamos. AH! ganhei um quadro enorme do casablanca, acho que você iria gostar se visse. é o primeiro item daquele projeto de decoração da sala de TV, que ainda tem as paredes brancas, mas ganhou um sofá melhor. a propósito, meu irmão riscou o sofá com a caneta que você me deu. já dá pra imaginar a satisfação da minha mãe, né? ela pergunta sempre por você e eu digo que não sei, mas a verdade é que eu tenho meus meios de me manter informada sobre como você está. é uma necessidade, sabe? fiquei feliz em ouvir as últimas notícias. sabia que uma hora tudo se acertaria - menos o seu cabelo, que é bonito somente quando incerto. olha, eu preciso te dizer que fiquei emocionada quando nos vimos pela última vez e você fez xixi de porta aberta. talvez essa seja só mais uma coisa que tenha se tornado banal e eu não me dei conta, mas eu não faço xixi na frente de qualquer um. mais: o trabalho de alemão deu certo e eu nunca esqueci que quis ter uma tatuagem desenhada por você. é, certas coisas não perdem a importância.<br /><br />e eu tenho um medo que só você entenderia: agora sou eu quem vou. ainda não sei quando, mas vou. é essa a hora em que os horizontes se abrem e toda a vida até agora construída se transforma? eu precisava de você para afastar de mim essa ideia de que tudo vai se perder irremediavelmente. você era uma convicção tão forte minha e se perdeu, não foi? o que há de ser do meu presente? não quero ver tantas outras convicções se dissolverem no oceano atlântico à medida em que eu o atravessar. tenho medo da mudança e de que as minhas fotos sejam retiradas das estantes. tenho medo de voltar tão diferente que eu não encontre mais os meus amigos e amores. não tenho mais a ilusão de que tudo vai permanecer igual. o receio é que tudo se quebre, que tudo se torne um imenso buraco de lembranças flutuantes e desconexas, que nada mais faça sentido. eu preciso ir, mas preciso voltar inteira. entende? </p><p align="justify"><br />não me prolongo, que esta carta é mais impalpável que o nosso próximo abraço. entrego as minhas esperanças à imprevisibilidade e aguardo um grito da vida em resposta. espero da vida que ela te traga para mim, para que eu possa finalmente reaver as minhas convicções e a maciez das suas mãos de massinha. é, é isso. </p><p align="justify"> </p><p align="justify">da sua couve-flor.</p>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-75389488202298654592009-05-07T12:50:00.000-07:002009-05-07T12:51:27.229-07:00a parede descascada da tal casa quente veio ao meu encontro antes do imaginado e é muito mais aconchegante que qualquer previsão. :)um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-18119734820054776802009-04-19T14:09:00.000-07:002009-04-19T14:10:30.048-07:00<div align="justify">a verdade é que eu tenho vivido muito o amor dos outros e tenho olhado tudo com uma boca tão doce e queirosa que me apaixonei pela ilusão. agora não sei o que vale a pena relevar, mas pode ser que eu encontre um lugar à parede descascada e cansada de alguma casa quente. se brota um capinzinho no asfalto, por que desistir?</div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-60551355645497155942009-04-18T14:36:00.000-07:002009-04-18T16:34:59.655-07:00o turista de lua nos olhos.<div align="justify">sabe aqueles textos que te arrepiam o corpo inteiro, aquelas declarações tão sinceras e intensas, tão cheias de lua nos olhos? quisera eu ter escrito o dia 26 de setembro do ano passado dele. quisera eu ter feito parte de tudo isso.<br /><br />"Sexta-feira, Setembro 26, 2008<br /><br />because it was at all so warm and tender, because it was the breath beyond the breath, the secret out of all the hipsters that had been here out one day, just to care about you and me and all the people around and it was all so warm and tender. ain't got no more obsession with things that don't exist, because it is all here and it all do exist. tonight, while we were on stage, i felt the movement of the song, the feather out in the mandolin, the soft word at your ear and all the crowd feelin' touched. the song was holdin' everything, with its magic hands that did set us in row to meet each other, one day, and we did it. then, everything got everything, without any magic - if there was not you. giving roses, giving words, giving chords and all the care we leave floatin' in the air everyone can breath. and so do we, little one. let's work it all every day, every single day, with the gentleness we shared since the very first day we met, because even if we didn't know, we love each other since that day. but tonight, it was different. it was more. it was cheerful, it was inevitable, it was lovin' scene between a boy that just found out had found the most important blessing, the definite breeze, most important than anything, because it all turned to a definite blessing - from the song about you and me. right now, right now, my one, i've just had some more minutes with god. he just came as a livin' proof, in the middle of my hopeful<br />fingers and said: "go to her, stay with her, and be prepared to grow". because now it is all so warm, and deep, and right. i've never been so sure, i've been quite so surprised with so much love. never thought it could get me one day - this way, this measure, this ain't coming back, because ain't no way it is wrong. all the love that is spread when we move our best thoughts to the visions of ourselves. in the couch, in the cloud, in the song, in the concert, in the dance, in the piano, in the life we feel so surprised to be sharing together. because i feel right now a better man, cured, healed and happy. nothing's gonna hold me, nothing's gonna criticize us, nothing's gonna separate us (although life had tried it hard last days we had).<br /><br />whenever you're feeling lonely, i'll be a whisper at the dancin' mixed shoes. whoever you're talking trostky, i'll be around to get the sweetest kiss. wherever you're dreamin' about roamin', i'll be your walking boots. whatever you're thinkin' of love, i'll be the truest touch.<br /></div><div align="justify"></div><div align="justify">such<br />a<br />chill.<br /><br />the purest thought of a man.<br /><br /><br />(got out in g. ortiz street with the moon in my eyes).<br /><br />#<br />posted by <a href="http://oturista.blogspot.com/">O Turista </a>: 01:44" </span></div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-32995936459042253742009-03-31T18:51:00.000-07:002009-03-31T19:02:31.807-07:00uma taça de santa carolina.<div align="justify">essa é uma daquelas fases da vida em que tudo o que não se enxerga são formigas. elas te sobem pelo pescoço, te incomodam a calmaria da pele e não há nada que se possa fazer além de se estapear até que, sob a severa ilusão de que elas se foram, você se satisfaça e esqueça o que te incomoda. as formigas estão por toda parte, inclusive andando sobre os registros do seu passado, fazendo cosquinhas na sua memória, querendo colori-la de verde e branco e vermelho e azul e de todas as cores que te remetem ao cheiro daqueles doces e que já se haviam deixado da cor de um retrato muito, muito antigo. elas estão dentro do meu umbigo, saindo dos meus ouvidos e me roendo a lembrança de um dia bom e cheio de pernas. se elas ao menos deixassem em paz o calor daquelas pernas!<br /><br /><br /><br /><br />(vai sem revisão, mesmo. assim, como álvaro de campos, instrumento através do qual fernando pessoa se permitia derramar palavras sem remoê-las)</div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-7367850958941355312009-03-11T13:35:00.000-07:002009-03-31T19:06:15.476-07:00silly school poem.sometimes I do miss you.<br />it's less than I've expected,<br />that's true.<br />but, when I do,<br />all I miss is the heat of your neck ,<br />the dots on your back<br />and the ones on your chest too.<br />and I miss your smile,<br />the warmth of your gaze meeting mine.<br />but that's just for a while,<br />till I figure out that<br />the one I miss the most is <strong>me</strong>.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-36625793615559082252009-03-05T10:03:00.000-08:002009-03-05T13:15:15.169-08:00Para uma avenca partindo.<div align="justify">Não - mais uma vez, não é um texto meu. Falta de originalidade? Original ninguém nunca foi, no sentido real da palavra. Até mesmo quem descobriu um novo planeta não o fez sozinho. Então, cedo à falta de paciência com os meus próprios pensamentos e aproprio-me do texto alheio. Não nego que deveria sentar, cerebrar acerca de assuntos, sejam eles existenciais ou de ordem fútil, e escrever. Deixar minar da minha massa cinzenta algo que satisfizesse as minhas exigências. Mas, ah, quem me conhece sabe: sempre fui muito dura comigo mesma. Sem mais, segue uma crônica de um cara que eu admiro um tanto, não sei se pela visceralidade com que redige, se pela amarga pungência evocada pelos contos, se por não ter pudores e ainda assim conseguir ser delicado. Ou se tudo isso junto e mais um pouco. Aproveitem!<br /><br /><br />"Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? <strong>Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso</strong>, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualquer atraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um diadestes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê."<br /><br />[Caio Fernando Abreu - Para uma avenca partindo]</div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-57087091283242925212009-03-01T14:32:00.000-08:002009-03-01T14:35:27.354-08:00sobre escolhas e tal.<p>em conversa do msn: </p><p><br /><a href="http://marcolinoo.blogspot.com/">Marcos</a> says:<br />se você me pedir pra escolher um princípio, uma coisa, dentre tudo que eu acredito na minha vida, eu escolheria esta: viver é uma questão de encontrar a paz, ficar em paz consigo mesmo e com o mundo ao seu redor</p><p><br />por mais que odiemos errar, nós erramos e vamos errar sempre. é impossível não errar.</p><p><br />e por mais que haja coisas que, se pudéssemos voltar e mudar, nós voltaríamos e mudaríamos, e que isso nos doa, sempre haverá coisas que se pudéssemos voltar e mudar, nós voltaríamos e mudaríamos.</p><p><br />nós temos que aprender a lidar com isso, se não viver fica insuportável.</p><p><br />uma frase que eu ouvi num filme de terror patético, no qual a única coisa que prestou foi tal frase: "a melhor coisa que você pode fazer é a coisa certa. a segunda melhor coisa que você pode fazer é a coisa errada. a pior coisa que você pode fazer na vida é não fazer nada." (aí o cara enfiou um espeto de churrasco no olho do outro >.<" )</p>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-78714967209653898842009-02-17T15:11:00.000-08:002009-03-05T10:38:07.153-08:00It's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not overIt's not overIt's all overIt's all overIt's not... who knows?um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-65249433620860934132009-01-20T16:51:00.000-08:002009-03-05T10:15:51.752-08:00cem anos de solidão.há tempos em que eu me vejo assim, meio rebeca buendía, às voltas com sua velha mania de comer terra e cal das paredes. ninguém entende, mas toda macondo se alaga, se afoga um dia em solidão.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-20771532045831393692008-12-23T16:04:00.000-08:002008-12-25T14:50:13.022-08:002008.<p align="justify"><span style="font-size:130%;">"joh, a minha intuição diz que 2008 vai ser o seu ano, não me pergunte o porquê"</span> foi uma das primeiras predições para o meu ano, que não podia ter começado melhor. apesar de ter sede de porquês, não perguntei ao carlos a razão, porque talvez fosse só para me alegrar. sabe? atribuir um quê de otimismo no meu começo de ano (convenhamos, não queria começá-lo já descartando ilusões, essas borboletinhas que invadem o estômago da gente de vez em quando). a verdade é que eu deveria subestimar menos a intuição, seja ela proveniente de amigos ou de mim. essa foi uma das valiosas lições que tirei de dois mil e oito.<br /><br />estou há uns dias pensando em como escreveria algo que fizesse jus às experiências, porque me parece que ainda não aceitei o fato de que palavras nunca se elevarão ao nível da vida. elas sempre serão essa intermediária que flutua entre o sentir, o ser e o papel. o papel, portanto, sempre terá as experiências como impalpáveis. às fibras do papel os momentos serão sempre<br />semi-momentos, tudo pela metade, tudo fragmentado. papel virtual, então, nem se fala! enfim, o que eu quero mesmo dizer é que não há palavras, por mais cliché que seja. aliás, as reações em mim causadas pelas tais experiências foram todas clichés. não consegui fugir de mim em nenhuma delas. esse foi um ano de pernas muito bambas, de pêlos da nuca constantemente<br />arrepiados - e, ainda assim, <span style="font-size:130%;">soando como novidade</span> a cada arrepio. foi ano de frio na barriga, de noites mal dormidas, de fome excessiva, de falta de fome. houve também dor, muitos fracassos com os quais eu jamais havia precisado lidar. eu precisei aprender a não fazer desses fracassos o meu ano inteiro. não podia deixá-los dominar as tantas outras sensações.<br /><br />começando por um <span style="font-size:180%;">janeiro, sem rio</span>, mas com mar, onde eu me joguei de vestido longo ao descobrir a primeira vitória. essa não foi de 2008, mas de uma vida inteira (oh, que brega! haha). eu, que acreditava ser impossível, consegui. um primeiro lugar, um total em uma prova discursiva em uma universidade federal (o engraçado é como até hoje eu me sinto <strong>extremamente</strong> pedante ao falar disso). foi lá, nas águas capixabas, cercada de amigos queridos de verdade, que eu vivi a primeira cena cinematográfica do ano. mas, nos filmes, os vestidos não parecem pesar 964 quilos depois que a mocinha sai da água. ela consegue correr, com um sorriso gracioso estampado na cara, os cabelos molhados e esvoaçantes (?), tudo num <em>close</em> muito sensual, com trilha sonora e em câmera lenta. me dei conta de que essa é só pra disfarçar a lei da gravidade, que atrai a mocinha pro fundo do mar e ela quase se afoga, de tanto rir e explodir de felicidade embaixo d'água. a realidade é mesmo uma coisa que não dá para ser enfeitada, porque é demais para ser acreditada, parafraseando aquela moça datilógrafa, virgem e que gosta de coca-cola. e a minha realidade em janeiro foi tecida com cuidado: amigos vinte e quatro horas, o vislumbre do ar de liberdade que perfumaria os outros meses inteiros, pôquer com isca de peixe frito à beira do mar, shows inusitados, muito créu e a perspectiva de um ano, de fato, que fosse meu. era pra ser, apesar de a virada do ano, com a família brigada e um coração estraçalhado, ter me tirado todo o ânimo.<br /><br />o ânimo, que nasceu em guarapari, foi logo fortalecido no começo de <span style="font-size:180%;">fevereiro, no carnahell</span>. não muito adepta do carnaval tradicional - já que as tradições são agora o funk, o axé e a ralação -, me entreguei ao <a href="http://maryinhell.com.br/">inferninho urbano</a>, fantasiada de chiquinha, para a felicidade das criancinhas de/na rua. as férias prolongadas me deram a oportunidade de tirar o atraso do cinema, do pôquer, do palácio das artes e dos namoros. é, arrumei um namorado, apesar de eu não ser "material de namoro". foi um mês (sim, UM mês e seis dias) bem bacana, com muitas praças, pic-nics, sorvetes exóticos, escaladas (!), promessas de passeio de caminhão, filmes, pipocas, "françamente" e rita lee. não fosse eu um relâmpago e uns DVDs da ivete sangalo que eu não conseguia engolir, teria sido mais interessante. enquanto isso, fevereiro correu bem. início de aulas, calourada com pimentinha, vinho ruim, banana e camisinha, novos amigos, gabriel. eu nunca pensei que seria possível um amigo à primeira vista. o gabriel sempre conseguia encher bem as minhas noites letreiras com uma música para cada palavra dita. não sabia, mesmo, como alguém poderia saber tanto. aposto que ele tem uma gavetinha especial no cérebro só pra isso. na verdade, ele tem um compartimento para cada coisa, porque eu nunca vi saber tanto sobre tudo como ele.<br /><br />e foi <span style="font-size:180%;">março o mês mais cheio</span> de gabriel, com o término dos nossos respectivos namoros. uma amizade para a vida toda, não me restam mais dúvidas. e toda essa certeza veio com uma noite só. dá pra crer? era tudo muito novo. e ele esteve lá. estiveram lá também as festas da UFMG, os botecos, a praça da liberdade. essa me trouxe de volta o guilherme, que estava perdido nos meus anos de iron maiden e roupas pretas. foi interessante redescobrir alguém que cresceu na mesma direção que eu, mesmo estando longe. março foi o mês da fernanda takai, do bonitinho e do interpol. março não teve muitas águas, até porque o meu verão nunca precisou de desfecho.<br /><br />o melhor show do ano, porém, foi aquele que <span style="font-size:180%;">abriu o meu abril.</span><span style="font-size:85%;"> <span style="font-size:100%;">0s brasilienses dos </span><a href="http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=6232"><span style="font-size:100%;">móveis colonais de acaju</span></a><span style="font-size:100%;"> fizeram a minha alegria quando decidiram vir a BH depois de dois anos os tendo conhecido na capital brasileira. hiperatividade no palco, na platéia e no coração. eles reviveram em mim a euforia de ver música boa feita ao vivo, depois de tantos shows ruins em janeiro e de tantos outros tão serenos em março. e, junto a isso, trouxeram um tt para a minha vida. foi bom ter mais perto, poder dançar com aquele que só me conheceu por causa da música e, de certa forma, do bonequinho da sandy que faltava na coleção do bob esponja. alguns dias e algumas pizzas na casa do pedro depois, a notícia: os móveis voltariam. com quinze dias de intervalo! disseram eles, em</span><a href="http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/blog/778"><span style="font-size:100%;"> retrospectiva</span></a></span>, que foi esse um dos melhores shows do ano. não há maneira de discordar. mas nem só de móveis foi feito o meu abril. era o começo de muitos seminários na faculdade, o que colocou a prova a minha capacidade interlocutiva em público - um público muito mais velho que eu, em sua maioria, e com uma bagagem intelectual incomparavelmente mais completa que a minha. não foi fácil discorrer (apesar de ter sido o henrique o bode expiatório que apresentou o trabalho todo) sobre ítalo calvino, suas propostas para o próximo milênio-e-coisa-e-tal sob o crivo de escritores e leitores tão melhores que eu. estreando a minha vida acadêmica e me abrindo os horizontes para a lingüística, apareceu um tal de <em>simpósio internacional de análise do discurso</em>, cheio de mestres e doutores do mundo inteiro e... eu. boboca que não sabia que calouros participavam desses eventos como MONITORES, apenas. fizeram meu abril, também, alguns churrascos, aniversários, teatros, roça e boates.<br /><br /><br />para compensar, já que o mundo se baseia na lei do equilíbrio, <span style="font-size:180%;">maio <span style="font-size:130%;">foi </span>meio </span><span style="font-size:130%;">morto</span>. até meados do quinto mês do ano, todos os filmes assistidos foram em casa, sozinha. aliás, maio foi meio todo sozinho, mas não solitário. em meio a tanta pipoca, sofá e promessas de estudo mais intenso, recebi a ligação que mudaria o resto do meu ano. "joyce, é o renato, do <a href="http://www.centroculturaltfla.blogspot.com/">tfla</a>. você deixou seu currículo aqui no começo do ano e eu gostaria de saber se ainda está interessada no trabalho. sim? ah, então pode começar o treinamento... amanhã?" e o amanhã foi corrido, mas foi. comecei. não sei se poderia ter dado destino melhor aos meus dias. manhãs e tardes de cafés corridos, barras de cereal engolidas meio de qualquer jeito, muito frio na barriga para conhecer cada aluno que me aparecia a cada meia hora. até me acostumar com a rotatividade de gente nova na minha vida, levou um mês ou mais. mas não só de rotação vive um monitor novo: de novos amigos e bares também, como não podia deixar de ser. tanto calor na alma me levou ao segundo melhor feriado do ano: ...não me lembro qual foi, mas foi na UFOP, com letras, choconhaque e colchão inflável. aquele encontro de estudantes de letras fabulosos e enfumaçados, com algum samba e uma puta sinfonia de roncos à noite. era uma sala do 4° ano, da E.E. santa godoy. eram paulinho, larissa, lislie, lucas, aninha, zildinha, michel, três thiagos, gil, quito, marcelo, cleber, lívia, ana paula, bonitinho, karol, amanda, pedro, xvan, felipe e um mundo de gente. algumas palestras chatíssimas, inclusive sobre o movimento (ou seria letargia?) estudantil. um mini-curso legal sobre HQs, um sarau com direito a <a href="http://www.youtube.com/watch?v=xBndnRMphbY">beto jamaica e funk </a>e mingau. houve também palestra sobre o estRupo de mulheres sulafricanas, muito nintendo ds, mamonas assassinas, um dormir abraçadinho, shows do lô borges (blé), flávio venturini e beto guedes, meia hora de festa anos 80 e algum haicai:<br /></p><div align="center"><em>"brota um capinzinho</em><br /></div><div align="center"><em>entre asfalto e meio-fio</em><br /></div><div align="center"><em>por que desistir?"</em></div><p align="justify"><br />o último dia do evento foi de boteco e onze caras de azul correndo atrás da bola, na tv. e esse capinzinho brotando inesperado foi, em mim, o retorno da paixão pelo futebol. alguma coisa me explodiu e eu não perdi mais jogo nenhum do cruzeiro até o fim do ano. fim de maio, que foi até muito cheio pra um mês meio morto. </p><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:180%;">junho sim foi solitário.</span> pode ser o tal do inferno astral. só trabalho, muito esforço para me adaptar à correria da tal vida adulta. em compensação, li o <a href="http://www.submarino.com.br/produto/1/1062647/voo+da+guara+vermelha,+o">livro mais bonito e sinestésico do ano</a> e fui jogada na caçamba à meia-noite também, para não dizer que não falei de entulho. o auge foi meu aniversário, com as pessoas que tiveram sangue para subir a serra - tá, alguns foram de carro - e me dar um abraço lá no parque das mangabeiras. foram presentes, fotos, futebol, heineken (e sol), bichos de olhos vermelhos, anoitecer, cangas estendidas, comida gostosa, violão, praça do papa à noite, juno, fagner, casais, beijo, abraço, colo e tal. a solidão do começo de junho ficou sem lugar... ainda bem! para finalizar, outro canceriano comemorou um aniversário digno de memória: o marcolinho. sempre aconchegante. muitos docinhos e chapéus depois (ainda guardo o meu do <em>carros),</em> ainda restou espaço pra pôquer e pra algumas performances do carlos. sem contar os abraços esmaga-cérebros, claro.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">o mês seguinte foi... férias. <span style="font-size:180%;">julho, né?</span> em outras épocas, não haveria necessidade de dizer que foi... ócio. dessa vez, porém, passou longe disso! trabalhei um tanto, assisti a star wars, além de ter ido à faculdade quase todos os dias. as razões que me levaram até a FALE, entretanto, passam longe de estudo. lançamento de livros com coquetel de graça, quadrilha - na qual só <a href="http://sp2.fotologs.net/photo/34/59/39/muddydoll/1215275243948_f.jpg">eu</a> e as <a href="http://images.orkut.com/orkut/albums2/ATYAAABkHaMi0q4g5Lq2KCOVEIFw8Ebdysw2AqXjuPhMP0d-pQbDyehqxBrtFPMCVkesNi_KI-nYWTTky3YNvakE_Q-xAJtU9VCaiutZ52PXTz2_A3rwfSo6qxRgkw.jpg">drags </a>fomos fantasiadas, além de o meu par ter desistido de dançar na última hora - e D.A. pós-jogos do cruzeiro. sim! D.A. de madrugada, com caminhadas noturnas pelas perigosas matas da UFMG e alguma música. D.A também em dia de limpeza, pra que a gente não pareça tão vagabundo. na metade de julho, bem no fim de semana em que o cruzeiro deu de dois a um no gaylo, fui para dunas de itaúnas com a família:</div><blockquote><p align="center"><br /><em>"dunas de itaúnas é mesmo super woodstock. em uma caminhada até a praia,<br />cruzei com uma hippie saída diretamente dos anos 70 - cabelão, bebê sujo no colo<br />e aspecto mais sujo ainda. há, além disso, uma nuvem permanente de maconha no<br />ar, o que vai me ajudar a confirmar (ou refutar) a teoria da aura do tóxico, de<br />benjamin. se bem que a tal aura do tóxico me persegue aonde quer que eu vá,<br />então é possível que ela esteja em mim. enfim, a viagem foi tranqüila (vou<br />continuar usando trema e foda-se a reforma. blé), exceto por umas ultrapassagens<br />perigosas, que me fizeram me sentir em um videogame. [...]"</em></p></blockquote><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify">os trechos seguintes são proibidos, mas há quem já tenha lido. enfim... senti falta de alguém lá. mas a saudade que eu matei em dunas foi a da chuva. matar saudade da chuva na praia, um tanto bizarro, mas não faz mal. tinha visto uns estrangeiros na praia, quando vi que falavam alemão, fiquei querendo ir lá falar com eles e até ensaiei uma abordagem meio imbecil. mas a cara de pau nunca veio! para a desgraça (ou não) da minha timidez, meu pai foi falar com um deles, que caminhava sozinho à beira do rio cor de coca-cola. <em>"meine tochter spricht deutsch"</em> e o carinha veio falar comigo. passei a tarde inteira com dois suíços incrivelmente legais e me arrependi de não ter tentado contato antes. mas agora tenho duas casas por lá. quem sabe ano que vem? chegando de viagem, vi o meu time perder para o goiás e perdi minha carteira de identidade, pela segunda vez em menos de um ano. perdi também o medo e enviei um email com um conteúdo bastante incomum para mim. foi um alívio desgraçado, apesar de a resposta não ter sido a desejada. acho que pode ter sido esse o começo da minha honestidade comigo mesma.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">o começo de <span style="font-size:180%;">agosto foi difícil</span>. essa tal honestidade tinha me emprestado à solidão, mas a um bom preço. começou com o festival de jazz, tão lotado quanto o piscinão de ramos. prefiro jazz aos domingos no café com letras, mesmo. um festival de cinema no palácio das artes me levou a relembrar um tal david lynch, que depois veio a BH falar sobre o que todo mundo já sabia. foi graças ao cineasta arrogantezinho, porém, que conheci um frio novo na barriga. era bom esperar os recados no armário e os convites para sair que nunca vinham e que, de fato, demoraram bastante a vir. ainda no ramo dos velhinhos sensuais que visitaram BH, encontra-se o ney matogrosso. que show! que homem! suspiros - e fim de comentários. mudando de velhos pra pirralhos, não menos sensuais, o vanguart presenteou meu ano com um show incrível! e o então namoradinho da mallu magalhães bem me deu umas olhadas, viu? haha! bem, agosto não foi mês de desgosto, mas foi angústia. aquela sensaçãozinha maldita de ter feito mal em mandar o email me seguiu o tempo inteiro. sempre me perguntava como seria se não o tivesse feito. e tive a oportunidade de saber em vários jogos do cruzeiro, mas sabe como é o medo da pergunta e o medo maior ainda da resposta? então. foi assim o tempo inteiro. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">o melhor recado no armário abriu o meu <span style="font-size:180%;">setembro e me rendeu uns bons dias de sorrisos</span> gratuitos, que se estenderam até o fim de semana próximo, no encontro de ex-alunos do santão e o kulturfest. alguns cafés, falta de vergonha na cara e danças psicodélicas em plena luz do dia, no palácio das artes, abriram uma noite bonita, com pizza (e um cara chato ao extremo, que ganhou um lugar na minha lista de desafetos) e uma árvore artista, que brincava, com a luz, de projetar rostos (que só eu enxerguei) na parede. setembro trouxe um inesperado espírito esportivo, uma vontade louca de jogar futebol. e assim foi feito, graças à taty, que teve a brilhante idéia de organizar a pelada feminina do TFLA. ah, a taty! aquele cheirinho bom de victoria's secret e o ombro sempre disponível! ainda bem que o renato mandou ela pro castelo, ainda bem.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:180%;">outubro</span> me levou, repentinamente, às pessoas centrais do planalto central. com um fim de semana de conversa no msn, segui um impulso meio maluco e comprei passagens para os quatro dias mais rápidos do ano. redescobri o senhor delegado de cuba, que havia conhecido, em 2006, junto com os móveis coloniais de acaju. ele, que eu julgava meio comunista, me surpreendeu até o último fio de cabelo! aquele cara alto é feito do melhor material possível: videogame, futebol, cozinha e mais um mondecoisa, com um sotaque bonitinho que só vendo! ganhei um amigo a 716km de estrada, mas em meio a muita pizza boa, comida mexicana, winning eleven, monty phyton, trilha sonora de juno, torres de TV, balão vermelho, chás variados, cappuccino, mamo e mimos. brasília também me trouxe de volta a bruna, que não via há seis anos. me deu de presente uma outra família em dia das crianças, com direito a caça aos doces e tudo o mais. outubro me deu a oportunidade de rever amigos queridos, de conhecer um outro, de comer pão da vó do pedro, de descobrir que eu tenho a bunda deveras pequena e de sentir MUITAS saudades. voltando à realidade belorizontina, trabalhei meio deprimida por umas duas semanas. até que uma surpresa boa veio me lembrar dos recados de setembro. um convite inesperado, dois convites inesperados e uma segunda-feira com yellow submarine em caixinha de música, sorvete e pé de amora. subir no pé de amora de madrugada, em plena segunda, é uma idéia concebível apenas nas mentes mais inventivas: e a dele não podia ser diferente. fim de outubro. fim de momento.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">marcelo camelo abriu meu<span style="font-size:180%;"> penúltimo mês do ano </span>com a graça que só um hermano tem. um ser só de todo mundo, a menina bordada de flor que eu vi primeiro, a saudade e um <em>pois é</em> cheio de lágrimas. duvido que haja no mundo alguéns mais tietes que a taiga e eu. a taiga, pelo meu relato acima, parece nem ter feito parte do meu ano até agora, né? a verdade é que só se leria o nome dela se eu resolvesse citar todos os dias que ela passou comigo. ela perpassou o meu ano e fixou cada dia com o nome dela, e com a voz, que ela não gosta, mas eu nunca esqueço, apesar de confundir com a das irmãs ao telefone. sentimentalismos a parte, novembro foi trabalho (amaciado pelo abraço gostoso da julinha, que só foi descoberto a essa altura do campeonato) o tempo todo. final de semestre em escola não é brincadeira, mesmo. milhões de certificados e provas e exercícios e revisões. ser professora e aluna ao mesmo tempo gera um acúmulo de atividades inacreditável pra esse mês cheio de aniversariantes frutos do carnaval. logo, pulei de um aniversário para o outro o tempo todo, nos meus intervalos de trabalho. entre eles, o da minha mãe. foi uma frustração culinária de dar dó. prometi nunca mais me aventurar na cozinha, mas, no dia seguinte, fiz uma fornada ma-ra-vi-lho-sa de pãezinhos cremosos de coco. hahaha! isso me lembra o "seu" eustáquio, meu instrutor de auto-escola, que me levou ao supermercado para comprar os ingredientes. ele foi uma peça chave no meu ano e sofreu comigo a cada arrancada errada, cada freiada brusca e cada xingo no trânsito. ele, que me acompanhou em todos os meus horários de almoço desde setembro. mas novembro não foi um mês feliz para o meu sonho automobilístico. tomei pau duas vezes e quase fiz o seu eustáquio chorar. foi triste, mas valeu ter que aprender a lidar com fracassos, já que eu sou sortuda pra caralho e quase nunca preciso passar por situações assim. foi em novembro, também, que tomei pau no exame de francês. foi a primeira vez, na minha vida inteira, que senti a gargalhada acadêmica do fracasso.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:180%;">dezembro-férias</span> e, dessa vez, sem trabalho. ainda não terminou, mas posso afirmar que não havia como meu ano acabar melhor. tenho me afogado nas coisas que amo. muitos cafés e cinema, muito roger, muito chris, muito rafa e alguma <a href="http://sp2.fotologs.net/photo/34/59/39/muddydoll/1215275243948_f.jpg">leila lopes</a>, muita boate, a descoberta do narguile e do nintendo wii, muito livro, muita chuva. e foi assim, na chuva - e com uma cólica do capeta - que eu <strong>finalmente</strong> <span style="font-size:130%;">tirei carteira</span>! ganhei abraço do examinador e alguns muitos do seu eustáquio, que disse que foi o melhor presente de aniversário que ele podia ter ganhado! *-* falando em presentes de aniversário, devo green lasers para uma coisinha boa que só me apareceu agora. para dar hiperatividade ao meu fim de ano, os móveis voltaram e, dessa vez, na estação de metrô. precedidos pela <a href="http://www.myspace.com/anacanas">ana cañas</a>, uma mulher linda de morrer, os meus brasilienses bonitos vieram, arrasaram e prometeram voltar ano que vem. antes de eles voltarem, porém, tentarei ir até eles, a convite do beto mejía e do pedro, que me trouxe a maior saudade do mundo. dezembro foi o desfecho perfeito de um ano que foi meu, não sei se graças à predição do carlos ou ao rumo natural de tudo. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">(o natal é uma época a parte, quase que outro mês. talvez eu escreva depois sobre a atual fragmentação da minha família, que transformou a melhor época do ano em uma um pouquinho mais difícil de engolir. de qualquer forma, é natal! e eu espero o ano inteiro pelos melhores biscoitos alemães e o bolo de frutas e nozes mais delicioso que alguém pode querer.)</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">em resumo, não tem como resumir. provavelmente serão pouquíssimos os que terão paciência para tanta palavra e tanto momento. é mais a fim de registrar aqui, caso eu sofra de algum mal da memória, para que tudo isso nunca se desgrude de mim. nunca mais.</div><div align="left"></div><div align="left"></div><div align="left"></div>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-4244938809949459602008-11-10T12:14:00.000-08:002008-11-10T12:21:43.829-08:00tinha um domingo na minha segunda-feira.hoje tinha uma aranha na minha parede, uma chuva pesada no meu céu, uma prova na minha tarde e um "você não é capaz" na boca do meu avaliador. hoje tinha um salário baixo na minha conta, um "desista!" em todos os homens, um "verificaremos a sua situação em fevereiro" no meu calendário. hoje tinha um chocolate amolecido no meu armário, um furo na minha blusa, uma lembrança rasgada no bolso da minha calça. hoje: cabelos sujos na minha cabeça, um escorregão no meu passo. hoje tinha um começo de decadência no meu destino, um frio na barriga de queda pós-auge, um "você fodeu com o seu grupo" na minha consciência.<br /><br />hoje, mais do que nunca, tinha um cabelo no meu ovo, uma mosca na minha sopa, uma pedra no meu caminho e um domingo na minha segunda-feira.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-42254065098720188352008-10-26T18:10:00.000-07:002008-10-26T18:17:06.087-07:00Rir é muito úmido.Disse Chomsky que "idéias verdes incolores dormem furiosamente" e cheguei à conclusão de que não há nada mais bonito que as anomalias semânticas. Elas suprem algumas das minhas necessidades fisiológicas. Sério. É como se mimetizassem o efeito da serotonina.<br /><br />A raiz quadrada da mesa de Mila bebe humanidade. Rir é muito úmido. O fato de que o queijo é verde tropeçou inadvertidamente. Minha escova é loira e alta.<br /><br />Ai.<br /><3um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-34186970509267258712008-10-20T13:10:00.000-07:002008-10-20T13:11:54.344-07:00<p>O post anterior apresentou algum tipo de problema e ficou em forma de poema (bastante inusitado, diga-se de passagem). Não quis deletar, porque há um comentário. Então, posto novamente, em sua forma 'original':</p><p>"...E eu compreendia a impossibilidade contra a qual o amor se choca. Imaginamos que ele tenha por objeto um ser que pode estar deitado à nossa frente, oculto num corpo. Mas ai! Ele é a extensão desse ser em todos os pontos do espaço e do tempo que esse ser ocupou ou vai ocupar. Se não possuímos ser contato com tal lugar, com tal hora, nós não o possuímos. Mas não podemos tocar todos esses pontos. Se ainda nos fossem indicados, talvez pudéssemos tentar alcançá-los. Mas tateamos às cegas sem encontrar. Daí a desconfiança, o ciúme, as perseguições. Perdemos um tempo precioso seguindo uma pista absurda e passamos ao lado da verdade sem suspeitá-la." </p>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-9683900132699381112008-10-19T14:27:00.000-07:002008-10-20T13:09:47.738-07:00prisionnière.<em><blockquote><em><blockquote><em><blockquote><em><blockquote><em><blockquote><blockquote></blockquote><blockquote>"...E eu compreendia a impossibilidade contra a qual o amor se choca. Imaginamos<br />que ele tenha por objeto um ser que pode estar deitado à nossa frente, oculto<br />num corpo. Mas ai! Ele é a extensão desse ser em todos os pontos do espaço e do<br />tempo que esse ser ocupou ou vai ocupar. Se não possuímos ser contato com tal<br />lugar, com tal hora, nós não o possuímos. Mas não podemos tocar todos esses<br />pontos. Se ainda nos fossem indicados, talvez pudéssemos tentar alcançá-los. Mas<br />tateamos às cegas sem encontrar. Daí a desconfiança, o ciúme, as perseguições.<br />Perdemos um tempo precioso seguindo uma pista absurda e passamos ao lado da<br />verdade sem suspeitá-la."</blockquote></em></em></em></em></em></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote></blockquote><span style="font-size:78%;"><strong><blockquote><span style="font-size:78%;"><strong></strong></span></blockquote>[Proust, em La Prisonnière]</strong></span> <p><span style="font-size:78%;"></span></p><p>Je suis une prisionnière. Je suis perdu. L'amour n'est pas pour moi. Não importa em que língua eu o diga, o amor... ele nunca será para mim. </p>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-11095253162394426372008-10-05T10:02:00.000-07:002008-10-05T10:03:14.377-07:00o cheiro do ralo.você não pode querer envelhecer ao lado daquela bunda sem tomar junto com ela a mulher que a carrega. e o estômago dessa mulher também se estufa depois do almoço, ela também tem o bafo matutino e, pela bunda dela, sai merda com o mesmo cheiro insuportável que a sua. o mesmo cheiro do ralo. você não poderia suportar outra pessoa igual a você mesmo, não é? por isso você deseja a bunda. beijar a bunda, olhar a bunda, chorar junto a essa bunda. matar sua fome de bunda. você ainda não se deu conta de que fome de corpo nem sempre com corpo se mata? para isso há comida. há bananas e animais. não sei de onde tiraram que fome de corpo tem de se matar com um outro corpo, ao qual vem anexada uma alma. sexo e alma não combinam. não entendo porque resolveram que era bom associá-los. se eu fosse o sexo, não quereria alma como sócia. má parceria, mal sucedida.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-42718762632444782022008-09-24T13:30:00.000-07:002008-09-24T13:34:47.089-07:00<em>eu reluto</em><br /><em>em te lutar</em><br /><em>e, de luto,</em><br /><em>você luta</em><br /><em>por mim.</em><br /><em>e eu</em><br /><em>c e d o.</em><br /><em></em><br /><em>para brincar,</em><br /><em>você reluta</em><br /><em>em me lutar</em><br /><em>e eu, de luto,</em><br /><em>te luto</em><br /><em>e você</em><br /><em>tarda.</em>um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-77548002749105364922008-09-17T18:30:00.000-07:002008-09-25T13:58:46.386-07:00chuva de anti-tédio. pode?será que tudo isso foi culpa do tédio? há pouco menos de duas horas reclamei. nadadediferenteacontecetododiaéomesmoeuquerosurpresas. não queria me liquefazer em tédio. já havia tomado por providência a leitura do roteiro de "um cão andaluz", para ver se eu criava um sonho acordada, na impossibilidade de dormir. quando a vaca mugiu no meu telefone, indicando que era hora de voltar ao dia que era o mesmo de todos os outros, parei de ler. fechei os sonhos no trecho "neste momento vai acontecer uma coisa extraordinária" e, em uma fusão do mundo de buñuel com o real, alguma coisa de diferente, em um dia que não era o mesmo, aconteceu. choveu. choveu granizo e muito. muito choveu granizo por muito tempo. o teto sem laje deixou que chovesse enquanto eu tentava ensinar, sem garganta - se em "mute" por causa da chuva ou por causa da noite anterior varada por "Rs" glotais, não sei - "Who are you?". quemévocêquecoréseucarro(amassado pela chuva)vocêéolulaquantosanosvocêtem quando o mundo cai na sua cabeça? "mãos ao alto!" e tudo te pega de assalto quando o que você mais quer é fugir da rotina.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-24723186825443764602008-08-08T14:41:00.000-07:002008-08-08T14:43:44.138-07:00<a href="http://www.youtube.com/watch?v=tpqfWJ9TERQ&feature=related">http://www.youtube.com/watch?v=tpqfWJ9TERQ&feature=related</a><br /><br />fechem os olhos. façam silêncio absoluto. escutem.um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1589540225673857155.post-58513807399990078452008-07-21T08:49:00.000-07:002008-07-21T08:54:04.454-07:00noch einmal."you know when you've found it<br />there's something i've learned<br />'cause you feel it when they take it away"um espelho de mim mesmahttp://www.blogger.com/profile/13849422849685578973noreply@blogger.com1