segunda-feira, 7 de julho de 2008

achado.

Se eu escrevo, choro, rio, me perco ou me entrego, é porque alguma coisa eu tenho para mostrar. Este meu "eu" sem graça ou nexo, que roga por lapsos de euforia. "Eu" paradoxo e melodia, que não quer nunca parar. Que a alegria seja momentânea, duradoura, eterna. Inócua. Quero ser inquebrantável, leve e insana. Quero jogar beijos ao vento sem esperar tê-los de volta. Quero do mar o ar molhado de sal. Sentir o barulho das ondas e ter os pés cravados em conchas desiguais. Ter nos cabelos o vento e fazer do momento uma dança sem fim. Poder subir nas pedras e me jogar sem medo e gritar aos quatro ventos que só quero me descobrir. Talvez eu queira das montanhas o frescor da brisa e o perfume da flor. Aquela delicada flor do manacá. Talvez eu queira ouvir a água da cachoeira agredir as pedras de modo tão suave que não as faça rachar. Quero poder dizer ,sem pudor, que não senti, que eu não sinto. Que o meu desejo de euforia não passa de um capricho. Que toda a minha controvérsia se resume em um barroco porco e maldito. Que eu não sou o que eu queria ser: inquebrantável, leve e insana. Sou simplesmente alguém perdida na humilde complexidade do seu ser. Ou não ser? Eis a questão.

Texto do blog antigo. Dezembro de 2005.
Eu escrevia bonitinho, antigamente.

4 comentários:

Gomide disse...

Parva puella!!

"Texto do blog antigo. Dezembro de 2005.
Eu escrevia bonitinho, antigamente."

para quem postava nunca, até que postou muito ultimamente hein?!?
hehe

e resolvi postar soh pq vc me citou haha

beijo Bonitinha!

diogo disse...

É só eu te ler preu te enxergar com, pelo menos, uns quatro metros de altura e uns oito de largura.

Lucas disse...

somos todos um pouco leves e insanos...
gostei do seu texto! =]
bjos!

nuts. disse...

"Eu escrevia bonitinho, antigamente."

Esse antigamente vai longe! Tenho cartinhas que comprovam isso.
E você ainda escreve bonitinho.