segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Aquecimento Global

"No interior da bolsa escrotal, a temperatura é ligeiramente menor do que a temperatura corporal, fato importante para a sobrevivência dos espermatozóides produzidos a partir da puberdade. Temperaturas mais elevadas poderiam matar os espermatozóides e causar infertilidade."


Pronto. Está previsto o fim da humanidade.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Aula todo dia. Dia e tarde e noite. Inglês. Alemão. Mini-ONU. Santa Mundi. Comissão de formatura. Representação de turma. É coisa demais para se fazer, isso é fato. Quem escolheu assim, porém, fui eu. Então é assim que vai ser e eu vou dar conta de viver bem com isso. Se alguém diz que eu não consigo, eu consigo. Porque sou teimosa até comigo mesmo.

Essa enrolação toda para dizer que, mais uma vez, estive longe do blog. Esqueci a minha senha mais uma vez ou esqueci o login ou o Blogger endoidou, algo do tipo. O fato é que há algo preso aqui desde o final do Mini-ONU e eu não encontrei maneira melhor de expressar do que usurpando o texto de uma linda carta que o Marcolinho (http://marcolinoo.blogspot.com/) escreveu para mim há 6 meses. Com a licença que ele me deu (e se não tivesse dado, postaria assim mesmo), aqui vai.

"É interessante o que o coração e a cabeça fazem com a gente. Às vezes parece que eles sabem das coisas mas não contam pra gente, só pra ver quê que a gente faz. Não faz muito sentido, eu sei... Mas é curioso... Ver os dois brincando, me colocando na roda, de bobo.

Quer um exemplo?

Já experimentou ficar longe de pessoas que você ama? Ou mesmo pensar na possibilidade... Parece que abre um buraco no coração, como se tivesse arrancado um pedaço fora, mesmo porque, na verdade, arrancou. Você sente aquela dor, aquela angústia, aquela saudade infindável.

Mas aí, numa oportunidade qualquer, você conversa com alguém. Uma conversa boa, longa, rara. E aquilo tudo some. Ou melhor, aparece. Aquele pedaço arrancado do coração. Tá lá de novo, você sente ele, quente como nunca.
E isso te faz pensar. Tirar a pessoa da vista, do alcance, não tira ela do coração. Se não eu ia sentir isso todo santo dia quando eu viesse pra casa.
O que quê muda? Muda o pensamento. Todo santo dia quando eu venho pra casa, eu tenho na cabeça que 'eu vou ver a pessoa amanhã'. Agora, quando eu fico longe dessa pessoa, eu tenho na cabeça que 'eu não vou ver ela amanhã'. Pensar na presença da pessoa me 'aproxima' dele. Pensar na ausência me afasta. E não só fisicamente. Daí o buraco no coração. Eu não tenho que pensar na presença ou na ausência de Fulano. Eu tenho que pensar é no Fulano.
Se você ama alguém, essa pessoa tá no seu coração. Se você pensa nela, você está próximo dela. Ela não vai sair do seu coração. Você não vai ficar longe dela. Nunca. Nunca.

A parte curiosa é que isso tudo te traz de volta ao ponto onde você começou: você já sabia disso tudo. Sabia que a amizade verdadeira dura. Sabia que quem se ama tá guardado no coração, pra sempre. Sabia, sim. Mas o susto de ter que pôr essas certezas à prova te faz esquecê-las. Até você lembrar delas.

Agora... Vai me dizer que isso não são seu coração e sua cabeça fazendo hora com a sua cara...?"

sábado, 22 de setembro de 2007

Omnibus

"A Jornada Brasileira "Na cidade sem Meu Carro" consiste no engajamento institucional de cada prefeitura, que delimita um perímetro de proteção dos automóveis, geralmente a área central ou outra de importância de tráfego. Nesse perímetro, durante o dia 22 de setembro, só circularão veículos dos serviços essenciais além de ônibus, bicicletas, táxis e pedestres."


Empatizada com o movimento e com intenção de me unir ao coro dos que se preocupam com a cidade, encoberta por poluição - tanto atmosférica quanto sonora e visual - resolvi que acordaria uma hora mais cedo para ir à aula de Alemão de ônibus. Dois ônibus. Dois demorados ônibus. Dois demorados e caros ônibus.

A tentação, porém, bateu à minha porta meia hora depois de eu ter acordado para pôr o pé na estrada. Meu pai, recém-chegado de viagem, disse que queria me levar à escola, porque estava com saudades e queria passar um tempinho comigo. Coloquei uma pedra no lugar do coração e recusei a carona. Expliquei a ele sobre a campanha e disse que faria a minha parte, mesmo que isso me custasse algumas horas do dia - e oito reais. Tomamos o café da manhã conversando sobre ostras, Florianópolis, exame de Cambridge e recuperação em Matemática. Não deu outra: me atrasaria para a aula, sem a menor sombra de dúvida. Cedi, então, às chantagens emocionais do meu pai. Transferi a pedra do coração para a consciência, entrei no carro e liguei o rádio. 35 reafugiados palestinos foram recebidos ontem no Brasil. A greve dos correios finalmente acabou. E... O trânsito estava quase tão cheio quanto o de todos os fins de semana. Carros circulando normalmente, meninos de rua fazendo malabares normalmente, tudo normalmente. Fiquei indignada.

E, de repente, eu senti uma placa de "cara de pau" berrante pregar-se na minha testa, para todo mundo ver. Se eu estava tão indignada, o que fazia no carro, então? A parcela capetinha da minha alma, a advogada de defesa, a condescendente, justificava-se dizendo que eram motivos de força maior, que eu me atrasaria se não recorresse às facilidades automobilísticas do transporte particular. Não pela primeira vez na vida, dei ouvidos a essa voz, usualmente condenada pelos ouvintes fiéis da psiqué humana.

Como se não fosse suficiente a minha perspectiva de atraso, havia ainda, em minha defesa e de todos os outros que saíram com seus automóveis para ir a qualquer lugar, a ineficiência e até a inoperância do sistema de transporte coletivo. As prefeituras, antes de aderir a campanhas que em que o uso de domínios públicos faça-se necessário, deveria adequá-los a elas. Desde quando BH tem suporte para deslocar, de ônibus, 2.424.295 pessoas de um lado para o outro?

Para quem não sabe, ônibus tem origens em omnibus, que significa "para todos". Para fazer jus ao significado, os ônibus deveriam ter tarifas mais acessíveis, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil, que tem uma minoriazinha de classe média com condições de desembolsar dois reais cada vez que entra pela portinha de um vermelhinho ou azulzinho ou verdinho ou amarelinho (a variedade de cores não é sinônimo de conforto ou modernidade, ao contrário do que pode sugerir. Na verdade, eles estão mais próximos à possibilidade de retornar à época das diligências francesas).

Tarifas inadequadas, desconforto causado por superlotações, falta de pontualidade. Antes de tentar salvar o meio-ambiente, é preciso tentar resgatar as boas intenções do governo, se é que houve algum dia. Não encontrei protesto melhor que usar o carro no dia em que ele deveria ficar na garagem. Não encontrei desculpa melhor para me justificar por ter traído a minha consciência. E aí? Quer carona?



quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Hoje foi um treze de Setembro com cheiro de nostalgia. O ar esperava úmido que a chuva viesse abrir as portas para a primavera, que parece que vai se atrasar um pouco mais este ano. As fotografias e convites de formatura do terceiro período circulavam a sala de aula do terceiro ano e até os professores parecem ter se sentido envolvidos. Foi como se o nosso passado mais distante e delicioso estivesse desafiando o nosso futuro mais próximo e irritante: o vestibular. Não sei o porquê, mas hoje não tem cara nem de Segunda, nem de Sexta, nem de Domingo, nem de dia nenhum. Hoje tem cara de passado, um daqueles bem bons e com cheiro de terra molhada.

Lembrei-me de quando eu fingia que lia os quadrinhos do Chaves sentada no peniquinho. Ou melhor: fingia nada, lia com a imaginação. Vieram-me à mente todos os dias em que, sentada de maiô na grama, fui picada por formigas ou que cai de cabeça no chão. Os joelhos ralados em quedas bobas - mas humilhantes - de bicicleta, causadas por pequenos desequilíbrios ou pela atenção desviada por algum passarinho bonito, vieram lembrar-me de como eu era feliz com tão pouco. Era vida vivida.

Agora vivo praticamente em função do que me exigem ser. São 18h10min e eu escrevo, mas com o sentimento de culpa de não estar estudando Eletroquímica ou formando a minha opinião sobre a reestatização da Vale do Rio Doce. Afinal, devo preocupar-me com tudo mais do que comigo mesma. Eu sou secundária na minha própria formação. Passei a semana sentindo os meus sinus inflamados, balançando entre as minhas sobrancelhas, mas não pude ficar em casa um dia sequer para descansar e me recuperar.

É, então, com o objetivo de me polir como protagonista da minha própria vida, que começo este blog. Tenho outro (http://muddydoll.livejournal.com/), mas preciso de novos ares de papel virtual para deixar de ser a menina-cereja e começar a ser mais eu.