domingo, 19 de outubro de 2008

prisionnière.

"...E eu compreendia a impossibilidade contra a qual o amor se choca. Imaginamos
que ele tenha por objeto um ser que pode estar deitado à nossa frente, oculto
num corpo. Mas ai! Ele é a extensão desse ser em todos os pontos do espaço e do
tempo que esse ser ocupou ou vai ocupar. Se não possuímos ser contato com tal
lugar, com tal hora, nós não o possuímos. Mas não podemos tocar todos esses
pontos. Se ainda nos fossem indicados, talvez pudéssemos tentar alcançá-los. Mas
tateamos às cegas sem encontrar. Daí a desconfiança, o ciúme, as perseguições.
Perdemos um tempo precioso seguindo uma pista absurda e passamos ao lado da
verdade sem suspeitá-la."
[Proust, em La Prisonnière]

Je suis une prisionnière. Je suis perdu. L'amour n'est pas pour moi. Não importa em que língua eu o diga, o amor... ele nunca será para mim.

2 comentários:

... disse...

Algemados...

cegos...

poema lindo esse
me deu um flashback estranho...enfim...

Dandara Lima disse...

sabe o que é muito louco? eu acabei de ler um livro do Italo Calvino, Seis propostas pro próximo milênio, em que no capítulo da Multiplicidade ele cita prisionnière do proust com esse mesmo trecho. acredita? achei graça dessa coincidência.