terça-feira, 31 de março de 2009

uma taça de santa carolina.

essa é uma daquelas fases da vida em que tudo o que não se enxerga são formigas. elas te sobem pelo pescoço, te incomodam a calmaria da pele e não há nada que se possa fazer além de se estapear até que, sob a severa ilusão de que elas se foram, você se satisfaça e esqueça o que te incomoda. as formigas estão por toda parte, inclusive andando sobre os registros do seu passado, fazendo cosquinhas na sua memória, querendo colori-la de verde e branco e vermelho e azul e de todas as cores que te remetem ao cheiro daqueles doces e que já se haviam deixado da cor de um retrato muito, muito antigo. elas estão dentro do meu umbigo, saindo dos meus ouvidos e me roendo a lembrança de um dia bom e cheio de pernas. se elas ao menos deixassem em paz o calor daquelas pernas!




(vai sem revisão, mesmo. assim, como álvaro de campos, instrumento através do qual fernando pessoa se permitia derramar palavras sem remoê-las)

3 comentários:

De Paula disse...

consegui não ficar me coçando, mesmo depois de tanto estímulo (saindo pelos ouvidos wtf?)

Anônimo disse...

formigas são um verdadeiro perigo...
sou cheia delas em mim...

british

Gabriel Maia disse...

Que bom que essa guria é das super positivas, o que a manterá longe de formicidas, e perto do cheiro de flores.

Ah, as de plástico não morrem, mas prefiro que a casa recenda a flores reais por um minuto a tê-las plásticas pra sempre. Não tem volta, elas não morrem!Credo!